Quarta-Feira, 14 de fevereiro de 2018
CAPÍTULO XII
A DESCIDA PARA O
INFERNO É SEMPRE DURA
“Abandone Toda
Esperança Você que Entra Aqui”
Escrito acima dos
portões do Inferno (Inferno de Dante)
Tradução: Neusa
Reis
O voo e a ida para casa podem ser descritos em uma palavra: tenso.
― Venha, homenzinho. Vamos colocá-lo na cama. ─ Eu pego Teddy de Gail.
― Ele está muito ativo para ir dormir, Sr. Grey. Acho que a viagem
o deixou exausto.
― Ele não é o único, ─ eu murmuro.
― O jantar deverá estar pronto em uma hora, senhor, ─ ela diz enquanto caminha em direção à cozinha. Seguro o meu
filho nos braços, apertado, e gentilmente coloco sua cabeça no meu ombro. Ele
tem essa habilidade estranha, quando ele tenta deslizar dos meus braços ou me
dizer o que ele quer, simplesmente com sua linguagem corporal. Claro, a primeira
coisa que Teddy faz é agarrar meu cabelo.
― Hmmm. Eu acredito
que está na hora de outro corte de cabelo, Sr. Grey. ─ A voz inesperada de Ana me faz virar. Ela cortando meu cabelo
me traz sempre lembranças deliciosas.
― Embora eu adoraria aceitar
essa oferta, você com um objeto afiado quando ainda está com raiva de mim não é
uma coisa boa. ─ Ela não tem certeza se ela deveria
estar magoada com minha resposta. Para não mencionar que ainda estou bravo com
ela. Ana estende seus braços para levar Teddy para a cama, que agora está
interessado em meu rosto.
Levanto Teddy no ar.
― Este é o meu filho! ─ Eu digo com todo o orgulho. Sinto um momento de déjà vu.
― Cuidado, Christian!
Ele é tão pequeno! ─ A voz de Ana está ansiosa, o que é
completamente o oposto do riso feliz de bebê, de Teddy, que ecoa na sala.
― Ele é o filho de
seu pai! Ele ama isso! Não é, filho? ─ Claro,
Teddy não entende nada disso. Ele só quer que eu o entretenha. Este se tornou
seu jogo favorito e uma leve fonte de ansiedade para Ana.
― Meninos, por favor!
― Devemos fazer a
mamãe feliz, Teddy? ─
Eu pergunto a ele enquanto eu o levanto
levemente no ar. E o riso alegre do bebê ecoa novamente.
― Christian!
― Tudo bem, tudo bem,
− eu rio em voz alta. ― Mamãe ganha! É hora de dormir. Ana e eu levamos Teddy para o quarto dele. O
único livro que ele mostra muita excitação quando lemos para ele é Goodnight
Moon, o livro que temos lido todas as noites desde que ele foi trazido do
hospital para casa.
Goodnight Moon
Ana quer ampliar seus jovens horizontes lendo para ele The Tale of Peter Rabbit. Ela encolhe os ombros.
― Era o meu favorito. Eu
gostaria que se tornasse um dos seus favoritos.
Quando colocamos nosso filho na cama, ele finalmente está bocejando,
ouvindo o pequeno hipopótamo que tem a gravação real dos sons dos batimentos
cardíacos de Ana e os sons que ele teria ouvido quando estava no ventre dela.
De alguma forma, faz ele se sentir confortável imediatamente e suas pálpebras estão
fechando. Quando saímos do quarto do nosso filho, volto-me para Ana. A
expressão séria no meu rosto diz tudo. Mas minhas palavras deixam isso claro.
O caminho para o paraíso, começa no inferno
O Inferno de Dante
In the
Shadows ~ Amy Stroup
― Agora, é a sua vez de me
contar uma história da hora de dormir da vida real.
― Christian, eu não quero falar
sobre isso! − Ela reclama.
Eu a pego pela cintura e levanto-a no meu ombro. Ela pára no meio do
grito por medo de acordar Teddy.
― Nosso quarto, ou devo dar prazer a você, impotente, em nossa Sala de Jogos 2, para confessar tudo? Eu sinto que um tremor de excitação a atravessa.
― Christian! − Eu posso sentir
ela rolar os olhos no momento que ela pronuncia meu nome, o que a faz receber uma
palmada forte em seu traseiro.
― Nem no nosso quarto nem no Quarto
de Jogos 2. A biblioteca, por favor, − diz ela.
― Se você acha que eu não posso
fodê-la, de toda forma imaginável, na
biblioteca, você é ou esquecida ou ingênua, Sra. Grey! − O barulhão no balcão e
a subseqüente desajeitada tentativa de limpeza me fazem saber que Gail me
ouviu.
Giro a maçaneta e chuto a porta para fechar, depois de entrar na
biblioteca e trancá-la. É o cômodo favorito de Ana na casa. A cor vermelha
quente do mogno brasileiro, recuperado de uma antiga mansão abandonada, convida
você a se sentar, quase abraça você. Ter a madeira lixada de novo revelou o distinto
aroma de rosa, como acontece no início
da primavera quando as rosas estão brotando. Existem diversos sofás de couro e
cadeiras para convidá-lo a passar horas lendo. Tem uma varanda com vista para o
Sound (N.T. Estuário do Sound). Tudo nesta biblioteca diz, venha e relaxe. A iluminação é fraca e
controlada.
― Você vai me colocar no chão, Senhor?
− Ela parece cordial.
― Estou pensando sobre isso.
Ainda não tenho certeza se eu quero esquivar-me de dar-lhe uma forma de
punição. − Ela se balança para escorregar para baixo. Eu bato em sua bunda
novamente.
― Somente quando eu disser que você
pode. − Minha advertência é decisiva. Não sei se posso administrar para ter
controle total porque ela me assustou demais pelo seu
bem-estar. Suas
transgressões são muitas: evitando meus telefonemas, saindo para conhecer o cafetão
de Ella e seu irmão no hospital, quando eu achava que ela estava lá como
paciente, contratando um IP (N.T. Investigador
Particular) sem falar
comigo... Não sei por onde começar. Eu posso
fazê-la cooperar, mas ela não vai gostar do jeito que vou fazer isso. Bem, ela vai adorar isso durante, mas vai me odiar depois.
E eu vou me sentir como merda. Ainda indeciso com o curso de ação que desejo adotar,
deixo Ana deslizar para baixo.
― Vamos tratar disso às claras, Ana. Sabendo quão aterrorizado eu ficaria,
por que você se colocou em perigo? Você não é apenas Ana Grey, minha esposa,
mas você é a mãe de Teddy! Esqueça de mim, mas você nem mesmo pensou nele? Você
tem idéia de como isso poderia afetá-lo se alguma coisa acontecesse com você? −
Eu tento segurar a ansiedade esmagadora sobre mim.
― Aí está! − Diz Ana.
― Aí está o que? − Eu agito
minha cabeça questionando. As mãos dela se erguem e gentilmente seguram meu
rosto.
― Aprendi muito com você. Como
ser cautelosa, estar segura, planejar, assumir o controle...
― Mas você não assumiu o
controle, Ana!
― Tudo bem, ótimo, hora da
terapia. − Ana puxa seu celular para fora do bolso, percorre a lista de
contatos e marca um número. Quando uma voz surpresa responde após o segundo
toque, eu sacudo a cabeça com um pequeno sorriso.
― Ana, que surpresa ouvir você.
Você ainda está em Detroit? − Ela coloca o telefone no viva-voz.
― Não, estamos de volta, Dr.
Flynn. Mas estamos tendo um pequeno problema. Nós realmente precisamos
conversar com você agora, se você estiver disponível. − Flynn me cobra tempo
dobrado por telefonemas inesperados, e isso ainda são uns trocados para mim. Na
grande piscina de psiquiatras muito caros, ele é o melhor terapeuta que tive e que
conseguiu tornar-se meu amigo. Movo minha mão para pegar o telefone, coloco-o
na mesa e a conduzo para sentar-se no sofá de couro. Ela senta, com as pernas
cruzadas, voltada para o telefone. Sento-me ao lado dela.
― Como foi a viagem a Detroit? −
Flynn pergunta. A única pergunta significativa que abre as comportas. Depois
que ouve a síntese do que aconteceu em Detroit - bom e ruim, eu devo
adicionar, Flynn faz perguntas apenas para esclarecer a história.
― Estou muito impressionado, Ana
− ele afirma logo que há uma pausa, fazendo-me rolar os olhos. Ana sorri. ― Como você arranjou o IP, e como você
conseguiu localizar o cafetão? − Ele questiona em sua pergunta de
acompanhamento. Eu mesmo estou curioso para descobrir sobre isso. Ela olha para
mim brevemente e suspira.
― Eu pesquisei sobre vários IPs
e um deles me pareceu muito afiado, um ex-detetive que fechou 93% de seus
casos. Eu também usei o cérebro do detetive Clark sobre como escolher um bom IP.
― Jesus! Então, você escolheu um
IP do nada! − E se ele fosse um babaca e
uma vez que descobrisse quem ela era, usasse essa informação para machucar-nos?
Machucá-la?
Ana vê o olhar horrorizado no meu rosto.
― Christian, não sou uma idiota!
― Não é uma questão de você ser
idiota ou não, Ana! Você é uma das mais inteligentes, mas também a mais
obstinada, tenaz e batalhadora mulher cabeça dura que conheço. Meu problema é você
não querendo entender que tenho inimigos, rivais, pessoas que desejam me ver,
ou àqueles que amo, machucados. É por isso que é importante que você deixe as
coisas que podem colocá-la no caminho de se machucar fora da sua lista de a fazer!
― Por que não posso protegê-lo?
― Eu pago a Taylor um dinheiro
muito bom para fazer exatamente isso! − Eu rosno.
― Christian, eu não estou
falando sobre proteger seu corpo! Por que você insiste em sofrer com o seu
pesadelo, quando é muito mais simples ter um confronto com o homem que tem o
papel principal na sua dor? Você se magoa, eu me magoo, lembra? − ela
suaviza sua voz.
― Se eu quisesse ter um
confronto com ele, eu teria feito isso há muito tempo. Eu odiei esse homem toda
a minha vida mais do que qualquer outro! Mais do que Linc! Inferno, até Hyde
entrar em nossas vidas em seus caminhos destrutivos, Detroit Willy foi o
campeão absoluto da minha lista de mais odiados! O que estou lhe dizendo
é simplesmente isso: tudo e todos se tornam inconsequentes quando se trata de
você e meu filho. Se é uma escolha entre a possibilidade de você se machucar ou
eu continuar tendo pesadelos até morrer, eu escolho o último.
― E a sua família, Christian? −
A voz incorpórea de Flynn surge
do telefone de Ana em um tom sem julgamento.
― Eu amo minha família. Mas Ana
é diferente. Sou diferente quando estou com ela. Eu não posso, sob qualquer
circunstância, lidar com isso se ela se machucar. − A mão de Ana encontra a
minha com simpatia enquanto ela se vira para mim e se inclina.
― Mas Christian, você não deve
me parar porque há uma possibilidade remota de que alguém possa me machucar por
um rancor contra você que eu desconheça. − Apenas esta declaração me deixa zangado
porque a possibilidade não é remota; tudo é muito real. Ela foi seqüestrada,
nosso bebê foi sequestrado pouco depois de ter nascido. A ameaça está sempre
presente e aconteceu, mesmo embora eu tivesse uma ampla quantidade de
precauções implementadas. Eu apresento todas essas preocupações com o máximo de
controle, o que teria feito o diabo ficar orgulhoso. ― Christian, tomei todas
as precauções que você achava desejáveis. Você e sua equipe de segurança me
deram informações detalhadas sobre estar segura em Detroit. Eu estava segura.
Estudei os locais e eu já sabia que Detroit Willy estava incapacitado. Eu
simplesmente não sabia o quanto estava mal, e quando o IP foi ao hospital para ‘providenciar’,
ela faz o gesto de aspas no ar, o encontro, ele descobriu que Willy estava entrando
e saindo da consciência e poderia morrer a qualquer dia, a qualquer hora na
verdade, guardando seus segredos com ele sobre Ella, e talvez para sempre
condenando você a seus pesadelos. Eu pude finalmente ajudá-lo, potencialmente
libertando você dos pesadelos!
Eu olho para Ana silenciosamente. Para me libertar do pesadelo que tive
toda a minha vida, minha esposa estava disposta a colocar-se em perigo. Eu a
adoro fodidamente e ainda estou bravo com ela por ter sido tão imprudente.
― Você poderia ter se machucado!
― Havia um risco mínimo,
Christian. Havia o IP que deveria fornecer parte da proteção de guarda-costas,
e eu sabia que se eu me certificasse de que Sawyer não teria a chance de
alertá-lo, ele poderia ser o principal guarda-costas. Eu só não contei que
Willy tivesse um irmão. − Isto ela murmura. ― Eu não quero que você
me torne assim insubstituível, fácil de destruir
parte de sua vida, como um objeto, de modo que que eu
não consiga ser um parceiro pleno em sua vida, − ela implora.
― Você não quer ser insubstituível? Por que você simplesmente não arranca
meu coração!
― O que você diz a isso, Christian? − Flynn dirige sua pergunta para
mim, ignorando totalmente a resposta infantil de Ana. Estou com raiva de ambos!
― Dez ... nove
... oito ... sete ... seis ... cinco ... quatro ... três ... dois ... um ... − Eu conto na minha cabeça, então exalo
profundamente.
― Claramente minha esposa esquece que ela é uma parceira plena na minha
vida. No entanto, ela me trata como se eu não tivesse nada a ver com sua
segurança. Por que você não confia em mim, Ana? Eu tenho lidado com inimigos a
maior parte da minha vida profissional. Ela não confia. Isso é algo que eu
tenho que ensinar-lhe, mas não posso ensinar-lhe nada se ela não acredita que
haja um perigo real! − Eu zombo.
― Desculpe-me por não ter sido clara, Christian. Eu quis dizer insubstituível
como uma de suas obras de arte, ou como
uma das peças no Louvre... − Depois de ver minha cara de paisagem, ela balbucia.
― Eu não acho que estou sendo clara. É simplesmente isso: você não entende que
estou tentando provar que sou digna de você, Christian! Se eu não posso ser um
parceiro pleno em sua vida, então qualquer mulher pode me substituir. − Ana
explode.
― O que?!? Ana, você não precisa tentar provar seu valor
para mim. Quero dizer, não é suficiente que eu tenha ficado louco quando eu
encontrei você machucada no ano passado? Você quase perdeu nosso filho! Não é
um trauma suficiente? Você sabe por que você é importante para mim? − Eu giro
completamente para encará-la. Ela balança a cabeça, 'não'.
― Cada mulher que ocupou aquele quarto no Escala e esteve na minha vida
por um tempo, só me deu prazer vazio.
― Se você lhes desse uma chance,
elas poderiam mostrar-lhe seu amor também. Como eu sou diferente se eu não
puder ser sua parceira plena no casamento? − Ela responde, me instigando.
― Não. O que aquelas mulheres viram
em mim foram poucas coisas: mistério, grande sexo, um homem rico. Elas tinham
necessidade de ser dominadas e eu necessitava dominar. Eu preenchi minha
necessidade de ser ‘dark’ e seus desejos mais apaixonados. Eu era uma
droga para elas. Mas todos elas eram substituíveis. O prazer fantástico pode
ser um prazer vazio. Você já sabe disso sobre elas, Ana. Nós já falamos sobre
isso há muito tempo. − Ela ignora o que
estou tentando dizer e se desvaloriza.
― E quanto a mim, então? Apenas
prazer fantástico com um pouco mais de valor intrínseco? − Ela pergunta veementemente.
― Ana, por que você definiria
seu valor com Christian em tais termos? − Flynn pergunta.
― Não estou definindo, estou
perguntando. − Ela se corrige.
― Eu acredito que você chegou a
essa conclusão porque você quer que ele valide a resposta que você tem na sua
cabeça. − Ele investiga. Ana fecha os
olhos.
― Eu não sei se isso é o que eu estou
pensando, Dr. Flynn. Na verdade, Christian é excepcionalmente bom em mostrar
uma cara de paisagem quando se trata de suas emoções. Mas, de alguma forma,
quando eu quero fazer algo importante para ajudá-lo, ele não controla essas
emoções. Isso me faz pensar que sou um artefato caro que ele não quer riscado, lascado
ou quebrado. Eu não quero luvas de pelica.
― Anaaa − a voz de Flynn é paternal, gentil. ― Você quer que Christian controle suas
emoções quando ele a encontra à cabeceira do ex cafetão da mãe dele, e colocando
em suas palavras, o homem que teve o papel principal em sua dor e a
fonte de seus pesadelos? − Flynn calmamente pergunta.
― Mas não é isso que você ensina
a Christian, a controlar suas emoções? Não seria útil se ele praticasse isso
até entender completamente o que exatamente aconteceu? − Ela quase grita em
direção do telefone.
― Jesus Cristo! − Eu murmuro,
enquanto Ana me ignora, revirando os olhos.
― Ah ... Você entendeu mal o que
eu ensinei ao Christian. Não o ensinei a controlar suas emoções. As emoções não
podem ser controladas; elas são canalizadas. Se elas não são canalizadas
adequadamente, o indivíduo paga por isso, de uma forma ou de outra. Ajudo
Christian a entender essas emoções. Meu principal trabalho é ajudá-lo a tomar
consciência do que ele está sentindo, oooou, ele fala arrastado,
― como ele tem feito há anos, o que ele estava tentando evitar sentir.
Ele disse a você o quão destrutivo ele era quando adolescente. Ana fechou os
olhos e eu li seus lábios silenciosamente sussurrando duas palavras: ― Oh, nãããão!
Flynn continua: ― Ana, não podemos evitar sentimentos sem enfrentar as
consequências. Christian já sabe como manter as emoções e impulsos destrutivos
sob controle, o que em troca, o ajuda a manter o controle sobre suas ações.
― Ele não teria me deixado ir se
ele soubesse que eu iria ver o ss... − ela tropeça em suas palavras, ― Sr. Detroit
Willy. Você diz que as emoções não podem ser controladas, mas e as minhas
emoções, minha necessidade, meu desejo de proteger meu marido? Às vezes, é
preciso correr riscos calculados para realizar algo significativo, e eu
consegui isso! − Ela diz com um leve
orgulho em sua voz.
Eu ergo minha mão.
― Tudo bem. Uma vez que você fez
esse enorme esforço e me mostrou que o cafetão é
realmente um homem fraco e indefeso, estou disposto a
colocar de lado sentimentos, medos ou preocupações por você, por enquanto.
Conte-me toda a história.
Após um profundo suspiro, e inspirar, ela diz:
― Ao ver a perspectiva de seu
irmão poder ser gravemente ferido, Willy ficou falante. Bem, tão falante quanto
um moribundo pode ser. Talvez ele quisesse ser absolvido de seus pecados; ou, no
final, se você acreditar na pequena cruz tatuada em seu pescoço. − Ela balança a cabeça e continua.
― Enfim, ele me contou que Ella
era uma adolescente fugitiva. Não tenho certeza se ela estava tentando
encontrar-se ou tinha problemas em casa. Mas ela se foi aos dezessete anos com
seu namorado. Ela ficou grávida de você aos dezoito anos e seu namorado
adolescente ficou assustado com a perspectiva de se tornar um jovem pai,
suponho, e ela não teve escolha senão voltar para a casa dos pais. Mas ela não
disse que estava grávida. No início, ela o escondeu, mas então ela contou a sua
mãe. Logo que o pai descobriu, eles deram a ela duas opções: ou fazer um aborto
ou ser expulsa de sua casa. Ela estava em seu primeiro trimestre, então eles
achavam que um aborto poderia ser fácil de realizar. Eu acho que eles esperavam
que ela mudasse seus modos imprudentes e voltasse para a escola. Você conhece a
opção que ela escolheu e a consequência. − Ela começa. Milhares de imagens atravessam
minha mente. Ella fez a escolha de me ter, mesmo que isso significasse que ela
se tornasse sem-teto. Por que então ela se tornou uma mãe de merda?
― Isso ainda não me diz se ela me teve enquanto
ainda estava vivendo com seus pais. Eles poderiam ter mudado de idéia. − Eu pergunto esperançosamente. Todo mundo
merece uma segunda chance. Ela sacode a cabeça com 'não'.
― Quando Ella foi inflexível em não abortar você, ela também foi
inflexível em que ela não iria dar você em adoção. Então, seus pais pensaram: se
ela fez a cama, deixemos que deite nela. Ela teve que ir embora. Mesmo que os
pais estivessem blefando, ou mostrando amor exigente para ter as coisas de seu
jeito quando ficaram difíceis, ela fez uma escolha e partiu para Detroit em um
ônibus. Ela pode ter estado em uma jornada para convencê-los - você sabe, suas
escolhas seriam melhores que as deles. Mas assim que ela saiu do ônibus, ela
foi abordada por um cafetão que recruta essas jovens mulheres - bonitas, mas
sem família procurando por elas. Jovem, linda e vulnerável; bem do jeito
que eles gostam delas. − Eu nem percebi
que minhas mãos estavam fortemente apertadas até as minhas unhas enterrarem o
suficiente para doer.
― Era o Willy? − Sibilo minha pergunta.
― Alguém trabalhando para ele;
seu recrutador. Prometeu-lhe um emprego, um lugar para ficar, o que ela
precisava desesperadamente. Ela era muito ingênua, e ele era muito bom em seu
trabalho. Eles não descobriram que estava grávida até que começou a aparecer,
depois de quase seis meses.
― Ela aceitou ser uma prostituta
imediatamente depois do ônibus, embora grávida? − Eu tenho pouco controle sobre minha raiva.
― Christian, deixe ela contar a
história e reserve seu julgamento para depois de ter ouvido a coisa toda − A
voz de Flynn tenta me acalmar. ― O recrutador não disse que ele estava
dirigindo uma agência de prostituição, Christian. Ele a abordou com uma
perspectiva de aluguel baixo e possível emprego. Quando o emprego, − ela faz aspas no ar novamente ― não foi
conseguido, e o aluguel, a comida e as pequenas despesas foram pagas por esse
suposto amigo novo, ele a quebrou mental e fisicamente para sua nova profissão.
Normalmente, mulheres que se recusam são estupradas por gangues. Fazem-nas se sentir inferiores. Drogadas. Dessa forma, elas são totalmente dependentes de
seu cafetão. − Ana pára um minuto e
inspira. Eu acho que isso é exatamente o que Ella passou.
― Eu tenho que confessar; eu não fiz isso apenas por você. Ella era uma
mulher. Uma mãe adolescente, sozinha, ou achava que estava sozinha. Ela estava
nas mãos dos predadores. Mesmo que ela fosse forte o suficiente para deixar
esse estilo de vida, Willy disse que tinham castigos severos para mulheres que
tentavam fugir de seus cafetões e quase ninguém se importa se uma prostituta é
morta. Willy a prendia através de você. Ele disse que quase todas as
prostitutas que têm crianças entregam o filho ao Child Protective Services.
Ella queria mantê-lo. Então, ele a drogou e ameaçou-a de que, no momento em que
ela ao menos pensasse em fugir ou ir para outro cafetão, ele se certificaria de
que você seria levado embora. Depois de ouvir tudo isso, fiquei ainda mais
convencida de que sua honra precisava ser reparada como mulher.
― Eu deveria tê-lo matado! − Eu
grito e o vaso de cristal que compramos em Paris foi esmagado contra a parede.
Quinze segundos depois, há uma batida na porta.
― Está tudo bem, senhor? − Taylor pergunta do outro lado da porta.
― Sim, Taylor, está. − Ana
responde com uma voz gentil.
― Você tem certeza?
― Sim, apenas faça Gail vir em meia hora com a vassoura, por favor. − Ela
responde.
― Senhora.
― Christian, eu quero que você
venha ao meu consultório amanhã. − A voz
de Flynn soa, junto com a minha equipe de segurança.
Ana se aproxima. ― Christian. Há algumas coisas que você precisa saber.
Ella amou você e lutou para mantê-lo apesar de todas as suas debilidades.
― Talvez ela deveria ter desistido de mim!
― Ou talvez ela simplesmente não pudesse confiar num mundo onde tudo em
que ela confiava lhe virou as costas. Primeiro, o namorado, depois os pais
dela, e depois o cafetão. Você era tudo o que ela tinha. − Ana a defende.
― Você não entende, Ana? Não importa que eu fosse tudo o que ela tinha.
Ela estava drogada a maior parte do tempo para ao menos perceber que eu
existia. Eu, uma criança de 4 anos cuidava dela! Ela desistiu no final! Depois
de tudo pelo que ela lutou, ela aceitou a derrota! − Não há nada além de compreensão e simpatia nos
olhos de Ana.
― Christian, você era sua fraqueza. Ela não podia desistir de você, mas
não podia lhe proporcionar uma vida decente e normal também. Na verdade, Ella
tentou fugir três vezes. As fotos que ela enviou para sua família foram seu
esforço para voltar para eles com o rabo entre as pernas. Mas seu cafetão
esmagou-os quando eles vieram buscá-la. Ele disse a eles: desculpem-me por
isso, a prostituta está morta. Eles estavam procurando por você, o que
não era bom para o negócio de Willy. Então, ele disse: por que vocês acham
que a cadela está morta? Porque ela era uma mãe de merda e não cuidava de seu
filho. Ele morreu, ela se matou.
― E eles engoliram isso? − Estou completamente incrédulo.
"Com uma dor tão profunda, a língua deve se mover em
vão; a linguagem dos nossos sentidos e memória não possui palavras para tal dor.
"
Inferno de Dante
― Eles devem ter aceitado,
por causa do tanto que ela lutou com eles para mantê-lo. Assim, ela nunca
conseguiu ver seus pais depois que os deixou. Ella foi mantida em absoluto
desespero. Ela era escrava de seus vícios e de seu cafetão. Enquanto ela
estivesse viva, o cafetão usaria sua existência como uma arma contra ela. A
única maneira que ela pôde encontrar para dar a você o salto para uma vida
normal, fora de sua própria miserável vida, foi sair da sua vida. Por isso ela
se matou, Christian! Um último ato de amor maternal.
― O quê? − Não consigo
reconhecer minha própria voz. Sacudido em meu âmago com a percepção de que, em
toda a sua maternidade de merda, ela realmente me amava. No entanto, eu tinha causado
a morte dela.
― Christian, você era a
única coisa pura e certa em sua vida. Você era o filho do amor, amor adolescente na verdade, mas amor apesar
disso. Você foi a culminância de suas esperanças e sonhos.
― Eu era seu calcanhar de
Aquiles! Ela poderia ter tido uma vida normal longe dos cafetões e clientes e
drogas, se tivesse me abortado... − Ana
interrompe.
― Ela também poderia ter dado
você em adoção logo que você nasceu. Isso não foi você, Christian! Ella quis
você, como qualquer mãe que aguarda o dia em que segurará seu bebê em seus
braços. Ela fez essa escolha de bom grado, mas quando ela estava presa nas
drogas - principalmente a heroína, e na prostituição, ela só podia pensar em
uma maneira de salvá-lo.
― Não! não... não... não...
− Primeiro, eu congelo no lugar, então eu sinto um tremor incontrolável tomar
conta de mim. Ana corre para mim e me abraça tão apertado quanto ela consegue.
Meus braços não cooperam comigo para segurá-la.
Unsteady - X Ambassadors
― Christian, ouça-me, − diz Flynn com firmeza.
― Se Ella era viciada em heroína, estivesse você com ela ou não, ela já estava
nas garras da destruição. Você sabe tudo sobre vícios. A heroína é mais forte
do que qualquer laço humano, qualquer argumento convincente e mais forte do que
qualquer crença religiosa que o viciado aprecie. É como se os adictos estivessem
possuídos. Eles têm muito pouca ou nenhuma capacidade de se importar. A sua
percepção da realidade desapareceu. Se Ella tivesse um momento de clareza, ela
teria percebido isso. Para ela, mantê-lo nesse ambiente teve mais efeitos
negativos para você do que qualquer outra coisa que você experimentou depois.
Quanto a você ser abortado ou não: há bebês nascidos de mães adolescentes todos
os dias. Essas crianças podem muito bem continuar tendo vidas felizes se a mãe
tiver apoio ou se o bebê for adotado por outra família. Ela fez escolhas como
todos nós fazemos todos os dias. Nós não culpamos os outros. Você não consegue
suportar o peso das escolhas dela. Ela pagou por isso completamente, para que
você pudesse ter uma vida. De qualquer forma, seria homenageá-la se você jogasse
isso fora? − Fico sem palavras. Devo estar em estado de choque.
― Christian, fale comigo, por favor!
Christian! − Ela segura meu rosto em
suas mãos e olha para mim. Eu olho para ela sem vê-la.
― Christian! Olhe para mim! Olhe, baby! Christian!
Dr. Flynn, ele não consegue parar de tremer! − Grita Ana, sua voz distante. Ela
bate levemente no meu rosto com as duas mãos.
― Olhe para mim, baby! − Ela ordena, a coisinha
mandona.
― ANA! − Com essa chamada autoritária de seu nome, ele consegue
sua atenção.
― Sim! − Ela diz com total atenção.
― Isso é perfeitamente normal. Ele teve muito
para absorver, e mesmo para um cara duro como Christian é esmagador. Ele está
sofrendo nesse instante. Dê-lhe tempo. Estarei logo aí, − e ele desliga. Que grosseiro!
― Christian! − E ela sobe no meu colo, e apenas trava seus
lábios com os meus. Primeiro suavemente, então quase me instigando a assumir o
controle, me arrancando com força das profundezas onde minha alma afundou, ela
beija duro, sugando meu lábio inferior, arranhando com seus dentes. Seu cheiro
delicioso permeia meus sentidos. Ela empurra minhas mãos para as minhas costas
efetivamente tomando o controle. Isso encaixa algo dentro de mim e desperto.
Eu me movo como uma cobra, levanto-a e a jogo
de costas no sofá, efetivamente imobilizando-a em baixo de mim.
― Assumindo o controle novamente, Sra. Grey? −
Eu murmuro em seus lábios. O sexo sempre
foi meu mecanismo de compensação.
― Bem-vindo de volta, − ela sussurra e envolve
as pernas em volta da minha cintura. Pego seus braços e prendo-os sobre sua
cabeça.
― Sra. Grey, eu vou te
foder de todas as formas imagináveis! − Eu
efetivamente a imobilizo debaixo de mim e movo habilmente minha pelve em seu
sexo. Ela só pode gemer em resposta.
Há uma batida forte na porta.
― O que!?! − Eu rosno.
― Sr. Grey, há um assunto importante que necessita
sua atenção. − O que poderia ser tão importante agora?
― Meu escritório! − Eu ordeno.
― Senhor! − É a resposta de Taylor.
― Você prometeu
de todas as formas! − Ana protesta.
― Marcado para mais tarde, baby. Eu vou fazer
valer a pena sua espera, − digo gentilmente.
― Christian? − Seu enunciado do meu nome está carregado de ansiedade,
preocupação e zanga, do
jeito de uma mulher que não obteve o sexo de todas as formas possíveis que lhe
foi prometido. Essa rispidez me faz sorrir.
― Você sabe, eu sempre mantenho minha palavra,
baby. Além disso, Flynn deverá estar aqui em breve. OK?
― OK, − ela concorda depois que vê que eu
estou de volta ao controle. Quando chego à porta, ela me chama de novo.
― Christian! − Eu olho para trás.
― Você está acima de tudo... l’amor che
move il sole e alter stelle − ela cita O Paraíso de Dante. Desta vez, meu
sorriso tem calor.
― Pelo contrário, Sra. Grey, você é o amor
que move o sol e as outras estrelas. Nunca pensei em me identificar com
todos esses homens torturados pelo amor. Dante, Heathcliff, ou mesmo, Darcy.
Você é minha Beatrice, Catherine, Elizabeth, todas juntas em uma. Minha
Anastasia. − Com isso ela corre para
mim, quase que salta para me beijar com tudo o que ela consegue.
***** ❦ ♡ ❧ *****
“Um rápido raio
rasgará as nuvens,
e cada branco
será queimado por feridas.
Eu lhe digo
isso. Eu quero tudo doendo."
Dante
Alighieri, Inferno
Dois minutos depois estou no meu
escritório.
― Acabei de receber um texto, senhor, −
Taylor começa sem um preâmbulo. Eu olho para o nome, e eu não reconheço isso. Pierce
o S.
― Quem é Pierce? − Pergunto.
― Sra. Lincoln... hum... novo amigo.
― Você me chamou aqui, longe de minha
esposa, por causa de Elena? Agora, estou realmente zangado.
― Sr. Grey. Leia o texto, por favor.
*Sr. Taylor. A Sra Lincoln disse que
você está informado sobre mim. Que eu só entrasse em contato com você em
situações de vida ou morte. Eu acho que isso conta como uma: Alguém atingiu
intencionalmente o carro dela do lado do motorista, esta tarde, & ela está ligada
à vida por um tênue fio. Socorro! *
Há uma foto de Elena anexada à mensagem
parecendo pior do que quando Linc lhe deu uma surra. Porra!