Quarta-Feira, 1 de novembro de 2017
CAPÍTULO XI
ANTIGOS PESADELOS
Tradução: Neusa Reis
"Você sabe o caminho para o
hospital?"
"Sim, senhor. É Wayne County."
Eu disco o número de Ana novamente e depois de
um toque, ele é enviado para a caixa postal. Uma mensagem de texto de resposta
rápida entra na minha caixa de entrada.
* Eu ligo
mais tarde. *
Eu envio um texto de resposta, totalmente furioso.
* Atenda o PORRA DO TELEFONE! *
Nouela - The Sound
of Silence
"Onde está o SUV que Sawyer estava
dirigindo?" ─ Estou extremamente agitado enquanto eu disco o
número de Sawyer.
Taylor toca o ponto azul piscando no nosso
destino. Então, ele está no hospital com Ana. Isso é uma espécie de consolo,
mas ele também não atende o telefone. Nem mesmo manda um texto rápido de volta!
"Quanto ainda?" ─ Pergunto após quase vinte minutos de silêncio nervoso no carro.
"Mais doze minutos, senhor. Também estou rastreando
o telefone da Sra. Grey no hospital. Deveremos estar com ela em cerca de
dezesseis minutos, senhor.”
"Você sabia alguma coisa sobre o que quer
que ela esteja fazendo agora?" ─ Eu me viro
e pergunto a Taylor.
"Nenhuma ideia, senhor,” ─
ele diz devagar e claramente. Bom, Taylor está
bravo com Ana também! Suas mãos estão agarrando o volante um pouco apertado
demais, os nódulos ficando brancos. Ana tem muito a explicar. Deus, se algo
aconteceu com ela, não sei o que eu farei!
"Onde diabos está Sawyer? Tem certeza de
que ele está com ela?"
"Estou rastreando o telefone dele. Tem estado
se movendo apenas dentro de alguns metros de raio, o que é estranho,” ─ diz ele.
"... e ele não está respondendo." ─ Eu declaro o óbvio.
"Correto.” ─
A preocupação está impregnada nessa única
palavra.
A viagem para o hospital é torturante. Minutos
parecem uma eternidade. Quando isso terminará? Taylor sente minha ansiedade e atravessa
vários sinais vermelhos sem receber nenhuma multa. Os pneus chiam enquanto
Taylor mal reduz a velocidade para fazer um retorno no estacionamento do
hospital. Assim que Taylor estaciona, eu salto fora do veículo. Posso ouvir a
série de blasfêmias de Taylor enquanto ele dispara atrás de mim. Mesmo embora eu
esteja no mesmo prédio que minha esposa, minha ansiedade não pára. Eu corro
para o balcão de Admissões. A mandíbula da enfermeira cai aberta quando ela
consegue olhar para mim.
"Oh ..." ─ ela limpa a garganta, "posso ajudá-lo, senhor?"
"Estou procurando uma paciente aqui.
Anastasia Grey." Quando ela consegue afastar seu olhar de mim, ela escreve
em seu teclado. Ela balança a cabeça.
"Nós não temos uma paciente com esse nome,
senhor. Tem certeza de que ela está neste hospital?"
"Ela está neste prédio. Você pode
verificar Sawyer... " ─ Taylor me
interrompe.
"Qual é o sobrenome?" ─ A enfermeira pergunta.
"Sawyer é o último nome,” ─ eu digo virando para ela, completamente irritado por ter
sido interrompido por Taylor.
"Sr. Grey!"
"O que?" ─ Eu silvo.
"Eu sei o caminho,” ─ ele murmura, indicando o caminho com a cabeça.
"Onde diabos eles estão?" ─ Eu pergunto, as más lembranças da última estadia dela num hospital
inundando minha mente.
"Não tenho certeza de qual departamento,
senhor. Acabo de localizar o telefone da Sra. Grey. Estou seguindo-o.”
Cristo! Eu estive fora o dia todo. Todos os
tipos de merda podiam ter acontecido! E merda aconteceu!
"Jesus! Ana!"
Taylor e eu fazemos um caminho rápido através
dos corredores hospitalares lotados. Entre a multidão, vejo uma jovem mulher
segurando uma criança pequena que não poderia ter mais de quatro anos de idade.
Sou imediatamente esmagado por uma sensação de déjà vu. Eu me sinto em transe e
paro de repente. Taylor percebe e se vira para mim.
"Senhor?" ─ Ele me questiona. Não posso dar nem mais um passo à frente.
"Taylor, você acha que os hospitais, os lugares,
têm memórias?" ─ Meus
olhos absorvem a jovem mãe e seu filho vestindo roupas sujas. Nasci aqui?
Trazido aqui por Ella como uma criança doente igual a esta mãe? Eu sinto como
se essas antigas paredes me chamassem, ‘ei,
carinha insignificante! Aí está você novamente!’ Isto me lembra algo? Acho que me lembro desse
lugar. Este hospital em particular. Por que Ana está aqui? Devo fabricar outra lembrança
para estas paredes, para guardar, apenas para reproduzir novamente para mim em
uma data posterior? É como se as diferentes etapas da construção da minha vida
continuassem se reproduzindo aqui, dentro dessas paredes. Eu já odeio isso.
Sim, eu reconheço este hospital. Hospitais, dizem, são iguais. Mas eles não
são. Este diz: ‘Olá velho amigo’, para
mim. No entanto, não o acho amigável. Isso me dá uma ansiedade inesperada.
Eminem - Mockingbird
"Sr. Grey? Sr. Grey, por aqui." ─
Eu viro para Taylor e reparo que esta não é a
primeira vez que ele está chamando minha atenção. Não gosto de estar no escuro.
Mesmo o porra do hospital só me fornece fragmentos de informações do meu
passado. Não uma imagem completa. Acho que este conhecimento é meu aliado
contra a ansiedade causada pelo desconhecido. É por isso que eu gosto de ter
controle. E é minha esposa que com frequência me faz perder o controle. Taylor
olha para mim com expectativa. Eu concordo com a cabeça e o sigo. O corredor
nos leva mais à frente no hospital. Atravessamos as portas operacionais duplas
da sala; elas se abrem para outro corredor. Os cômodos ecoam o som constante
dos beep dos monitores, alguns têm
enfermeiras agitadas. A ansiedade cresce. Eu posso sentir meu coração explodindo
no meu peito. Taylor e eu paramos no final do corredor, bem em frente a uma
sala obscura. Está ocupada por alguém que não reconheço. Taylor para diante
dele.
"Posso ajudá-lo?" ─ O tom do
estranho é de mau agouro.
"Não, você não pode. Precisamos entrar aqui.”
Taylor dá um passo à frente, encarando o homem. Para seu crédito, ele não
recua. Ele está vestindo uma capa longa. Seu rosto tinha visto muitos anos
difíceis. Militar? Polícia? Ele não se parece com um policial, mas ele
definitivamente dançou na linha entre o legal e o ilegal.
"Me desculpe, mas estou mantendo essa porta
fechada até que eu receba instruções.” ─ Ele abre
as pernas na largura dos ombros e assume uma posição defensiva.
"Se minha esposa, uma Anastasia Grey está
naquela sala, nem você, nem todo o hospital poderão me impedir!" ─ Eu
sibilo, invadindo seu espaço pessoal o suficiente para ver as raízes de seus
cabelos. Ele verifica seu relógio sem se encolher. Ele me olha com um minucioso
escrutínio, com as sobrancelhas se juntando.
"Shhh! Não diga o nome dela em voz alta!" ─ Ele olha
em volta, a alguns passos de mim e olha para ambas as direções. Então ele
verifica seu relógio novamente.
"Você precisa esperar mais três minutos,” ─ ele diz
sem se encolher.
"Sr. Grey, eu ficaria feliz em removê-lo,"
─ Taylor avança.
"Você precisa se afastar e aguardar até que seu
tempo acabe. Taylor!" ─ Ele ordena.
"Como você sabe meu nome?"
"A senhora chefe,” ─ ele
indica com sua cabeça. Senhora Chefe?
Minha esposa?
"Nós precisamos entrar!"
"Como eu disse, está trancado por dentro. Além
disso, o cara está morrendo. Lady Boss precisa falar com ele antes que ele
expire.”
"Oh Deus! Sawyer!" ─ Taylor e
eu gritamos ambos, nossos rostos refletindo a mesma expressão horrorizada.
"Abra a porra da porta!" ─ Eu ordeno.
"Eu tenho que ver minha esposa!"
"Trancado por dentro, senhor,” ─ ele diz
exasperado, mas ainda impassível. Eu me viro para olhar para Taylor; uma
conversa silenciosa se passa entre nós. Eu giro o guarda nomeado por minha
esposa. Coloco minha mão em seu ombro e digo: "Não encare isso de uma
maneira errada,” e eu o deixo desacordado, enquanto Taylor chuta a porta do
hospital.
***** ❦ ♡ ❧ *****
Levei pelo menos vinte segundos para ajustar meus
olhos para a luz fraca do cômodo, depois do corredor brilhante. Ana estava
sentada junto à cama do hospital e inclinada para um paciente que estava
deitado. Ela ainda estava com suas roupas de exercícios; calças de ioga pretas
e uma regata da mesma cor. Ela nem sequer virou a cabeça para o barulho como se
tivesse uma missão importante a cumprir e estivesse correndo contra o relógio,
sem tempo para completá-la. A cena na sala parece completamente errada.
Sawyer olha, mas não se move de seu posto, nem fala
uma palavra; ele parece exausto, um pouco maltratado, desgrenhado, com o braço
de sua jaqueta rasgado. Pelo inchaço que ele está exibindo, seu rosto logo
mostraria algumas contusões. Ele está de pé atrás de um homem habilmente
amarrado com dispositivos improvisados em uma cadeira. Normalmente, eu ficaria
muito impressionado com habilidades de manipulação tão requintadas, mas agora
não é o momento. A boca do homem estava coberta com fita cirúrgica, enquanto exibia
dois roxos. Seu cabelo escuro estava parcialmente emaranhado com sangue e suor.
Seu tamanho de fisiculturista aparenta ser muito maior que o de Sawyer, com
seus ombros largos, bíceps abaulados cobertos com tatuagens estranhas e
músculos das pernas que haviam visto muitas horas na academia. O homem parece
ter desmaiado, mas involuntariamente se move um pouco e um gemido abafado é
ouvido. Estou farto!
"O
que diabos está acontecendo aqui?" Eu rosno, enquanto dou um passo em
direção ao meio da sala. Taylor alcança o interruptor da luz que ilumina a
sala, mas Sawyer sussurra em voz firme: "Não!"
Ana continua a sussurrar ao homem deitado na cama, o
homem fala de volta para ela em tons sussurrados. Mas eu percebo que não é
porque ele está respondendo da mesma forma porém que isso é o mais alto que ele
pode falar. Ele tem tubos presos em seus braços e uma série de outros tubos que
saem por baixo de suas cobertas. Quem diabos é esse homem?
"Ana?"
─ Eu chamo por ela.
Sem se
virar para me olhar, ela sussurra, "Shhh!"
Frank Sinatra -
Killing me Softly
Eu lentamente caminho para a cama para olhar melhor o homem. Ele parece
ter cinquenta e tantos ou sessenta e poucos anos. Embora seja difícil dizer, este
é um homem que parece ter vivido a vida no limite e ter vivido duro. Ele não
tem cabelo nem sobrancelhas; sua pele é ictérica. Seu rosto está inchado com os
efeitos típicos da quimio, mas seu corpo debaixo das cobertas assim como seus
braços sobre elas parecem ser magros. Há um odor estranho, difícil de esquecer,
doce e doentio, que permeia através dele. É um odor que senti uma vez antes e
eu imediatamente sei o que é: a morte se aproximando. Este homem está morrendo.
Este é um odor que não se esquece. Olfato, dizem, tem o gatilho de memória mais
poderoso. Sinto meu peito apertar e uma enorme tristeza desce, cobrindo-me.
Memórias vívidas chegam inundando-me, desencadeadas por esse cheiro putrefato
da morte. Lembro-me desse cheiro porque ele envolvia minha mãe!
Estou congelado no meu lugar. Memórias perversas não apenas retornam à
minha mente; elas quebram os diques que as seguram e inundam cada fibra do meu
ser.
"Você, fodida puta! Cadela! Oh, Jesus Cristo! Você fez isso a você
mesma! Que merda! Como você pode fazer isso? Eu poderia vender essa boceta por
pelo menos mais quinze anos! Onde está o porra do seu pestinha? Essa cadela
louca o matou também? Oh, porra! O que os policiais vão dizer? Eles não se
importariam com uma prostituta, mas eles se importarão com seu bastardo!" ─ Ele grita. O rosto
que eu mergulhei profundamente na minha mente, um que eu nunca quis ver
novamente, agora está sentado naquela cadeira e gemendo.
Mas como pode ser isso? Ele está aproximadamente com a mesma idade que
ele tinha então; se mais velho, dez anos ou menos. Mais corpulento. Dou um
passo em direção a ele. Pego o queixo e forço seu rosto a olhar para mim. Estão
faltando algumas cicatrizes. Seu cabelo é mais grosso. Ele também é mais corpulento.
Um nome que eu tinha esquecido, enterrado no canto mais escuro da minha
mente aparece na minha cabeça. "Detroit Willie,” ─ eu silvo. O homem
gemendo abre um pouco seus olhos agora muito inchados e eles se afastam de mim.
A reação que eu espero não vem do homem amarrado na cadeira. Vem do homem
doente e moribundo na cama, sob a forma de palavras ofegantes. Elas são
staccato, abafadas e forçadas.
"Quem... quem..." ─ grande inspiração de ar, "... quer..." ─ outro suspiro e
pausa, "saber?" ─ Finalmente ele exala.
"O pestinha!" ─ Eu respondo
amargamente. Eu ando até sua cama e olho cuidadosamente para este homem
lamentável. Nenhum sinal do que ele tinha sido foi deixado além de uma concha
quebrada e esmagada. Na verdade, não reconheço nada de sua juventude, exceto as
cicatrizes profundas na bochecha esquerda, possivelmente conseguidas durante
uma briga com um cafetão ou um rival. Não há mais nada que me faça
lembrar o cafetão de Ella. Ele faz um esforço hercúleo para abrir seus olhos
nublados. Fixando seu olhar no meu rosto, ele tenta me colocar em sua memória,
encontrar um nome para identificar quem eu sou ou como eu posso saber seu nome.
"Minha memória... é fraca. Receio não..." ─
respiração profunda, "...conhecer você, cara.”
Ana faz uma pausa na gravação do telefone. "Christian!" ─ Ela me repreende como
se eu estivesse interrompendo sua missão.
"Você é... ele!" ─ Ele redireciona seu olhar para Ana, e
imediatamente eu fico puto.
"Ana! Saia do quarto!"
"Ainda não terminei,” ─ ela retruca.
"Sim, você terminou!"
"Não, eu não terminei!"
"Taylor! Leve a Sra. Grey para fora do quarto!" ─ Eu ordeno. Taylor
anda em direção a Ana.
"Sra. Grey, por favor,” ─ ele suplica.
"Taylor, estou cansada de ser manipulada. Não vou embora, não se
atreva a tentar me forçar! Que tal vocês dois me aguardarem fora..."
"Ana!" ─ Eu sou inflexível sobre isso.
"Tudo bem, garoto." - Desta vez a voz vem da cama. "Eu
lhe disse... o que... eu sei.”
Então ele se vira para mim ligeiramente e acrescenta: "Desculpe,
garoto,” ele pausa por muito tempo, lutando por respirar, seus olhos fechando,
o rosto ficando mais pálido. "Você parece... com... el...,” mas ele não
termina sua frase. Ele desliza para a inconsciência. O homem na cadeira recobra
sua consciência e começa a lutar contra suas amarras. Sawyer tenta mantê-lo em
seu assento e tão silencioso quanto possível.
Ana coloca o telefone na bolsa e levanta do seu lugar.
"Sawyer, leve-me de volta ao hotel." ─ Ela ordena em um
tom firme, deixando-me em pé.
"E sobre ele?" ─ Ele pergunta olhando para Ana, depois para
mim.
"O PI vai lidar com ele,” ─ Ana responde, me
dando um olhar exasperado.
"Ana! Quem é esse homem?" ─ Eu aponto para o
homem que se debate.
"O meio-irmão dele." ─ Ana tem muito a
responder. Por que ele está amarrado? Ele atacou Ana? Ele parece ter atacado
Sawyer.
"Ele tocou em você?" ─ Sibilo através dos
meus dentes.
"Não,” ─ ela diz gentilmente desta vez. "Sawyer teve uma briga com ele
quando ele tentou me impedir de questionar o Sr. Willie.”
"Então, ele tocou você!" ─ Eu imediatamente
me aproximo dela, verificando seu rosto, braços e verifico seu corpo para
detectar qualquer sinal visível de danos ou machucados.
"Não. Sawyer. Ele cuidou disso. Ele não deveria estar aqui quando
eu vim conversar com ele,” ─ ela aponta a cama com a cabeça. Eu ando de
volta para a cadeira e arranco a fita cirúrgica da boca do homem.
"Porra!" ─ Ele grita seu insulto. Desamarre-me, cara!
Este filho da mãe me amarrou! "
"Por que ele te amarrou?" ─ Pergunto com o
último fragmento de paciência.
"Para chegar ao meu irmão! Eu me opus. Ela discordou” ─ ele diz balançando
a cabeça na direção de Ana. Por um minuto meu coração se enche de orgulho
porque Ana se levantou contra este imenso homem. No segundo seguinte, eu me
preocupo e fico com raiva de sua imprudência. Eu estou em uma encruzilhada de
confusão, raiva, falta de controle dos eventos que cercam minha vida e isso me
enraivece. Neste momento, não sei como vou lidar com a Ana. Eu mentalmente faço
contagem regressiva na minha cabeça para esfriar.
"Sawyer, eu preciso que você leve a Sra. Grey para o hotel."
Minha voz é fria e desprovida de qualquer emoção. Ele olha para o homem na
cadeira.
"Foda-se você e a cadela que vieram aqui para assediar um
moribundo!" ─ Ele despeja para Sawyer. Rápido como uma serpente, Sawyer o apanha pela
garganta com apenas dois dedos, efetivamente desacordando-o e caminha sem
palavras pela sala.
"Sra. Grey?" ─ Ele pergunta a ela com reverência. Ana olha
para mim vibrando com pura raiva. Ela não diz adeus nem suaviza seu olhar e
depois os dois saem da sala do hospital. Vejo o vislumbre de um PI rabugento
enquanto fecham a porta.
"Gostaria que ele não tivesse feito isso,” ─ vem uma voz fraca.
"Pensa que ele é Jesus para... salvar minha alma,” ─ ele tenta rir, o
que se transforma em tosse.
"Você não tem alma redimível!" ─ Eu rosno, incapaz,
mas não disposto a deixar o atormentador dos meus sonhos ter poder sobre mim
mesmo em seu leito de morte.
"Não importa. Eu vivi minha vida." Uma ira assassina nasce em
mim. De repente, estou furioso por ele ter sobrevivido a Ella!
Taylor observando cada movimento e contração do meu corpo imediatamente bloqueia
meu caminho para sua cama. Suas mãos apertando meus braços. Estou pronto para
lutar contra Taylor para tirá-lo do meu caminho.
"Ele merece um longo sofrimento, não uma morte rápida. Você não
concorda, senhor?" ─ Taylor sussurra em voz baixa.
"Qual é o problema, garoto? Fraco como a prostituta?" Não
tenho certeza se ele disse essas palavras ou eu as imaginei. Mesmo com um pé no
túmulo, ele está me provocando. Eu olho para Taylor de tal forma que ele libera
meus braços e levanta as mãos em uma forma de rendição.
Ocupo a cadeira que Ana desocupara anteriormente, inclino-me na cama e
sussurro com malícia. "Eu tenho toooodo o tempo do mundo para vê-lo morrer
sofrendo, enquanto estou sabendo que ninguém nunca amou você, tudo o que
acumulou na vida foi ódio e sua existência foi lamentável. Você não tem nada.
Você é nada."
Eu sabia que o que eu disse o atingiu por seu crescente pulso na
máquina sonora atrás dele.
"Não!" ─ Uma voz sufocada veio do seu agora acordado
irmão. "Deixe-o morrer em paz.”
"Ella morreu em paz? Por que ele deveria merecer esse luxo? "
"Dois erros não fazem um acerto! Isso não vai trazer de volta qualquer
vadia que exagerou na dose por conta
própria!" ─ O irmão tenta gritar com uma voz bruta.
"Eu não a matei, garoto!" ─ Willie diz soando
mais forte. "Estava bravo com ela por ter feito isso a ela mesma, mas
teria morrido mais cedo ou mais tarde. Ela não era forte. Não igual à sua
mulher... "─ ele diz e minha reação é exatamente a que ele espera.
"Eu vou te matar se você der uma olhada na minha
mulher!"
"Não temos intenções,” diz o irmão. "Isso não com a pequena
senhora! Ela é a bruxa branca! Essa mulher é mais assustadora do que você!"
Esta declaração bastante sincera me surpreende. O que minha esposa fez para
aterrorizar dois bandidos adultos?
Estou surpreso com a forma como eu posso controlar minha raiva. Antes
que eu possa fazer outra pergunta, há uma batida na porta.
"O que!” ─ Eu me vejo gritando.
"Com licença,” ─ uma enfermeira de uniforme coloca a cabeça e
olha apenas a direção da cama. "O médico vai fazer suas rondas nos
próximos vinte minutos. Posso atrasar outros dez, mas este é todo o tempo que lhe
resta,” ─ diz ela deixando-me confuso. Como Ana arranjou tudo isso? Ela tem
muitas explicações para dar. Eu levanto e ando pelo quarto. O olhar do irmão
segue meus movimentos cuidadosamente.
"Você vai me desatar ou o quê?" ─ Ele pergunta
cautelosamente.
"Cale-se!" ─ Eu estou bem na frente dele. Invadindo todo o seu espaço pessoal,
inclino-me e olho nos seus olhos. Eles são a cópia exata dos olhos do meu
antigo torturador. Exceto que em vez de ódio e fúria, esses olhos têm medo
neles. Medo! De mim!
"Você está tomando o lugar do seu irmão machucando jovens mulheres
agora que ele está morrendo?" ─ Ele empalidece.
"Eu sou um artista tatuador. Se eu machucar alguém é consensual e
para a arte corporal. Olhe, homem! Ele terminou com essa parte de sua vida há
muito tempo.”
"Talvez, eu ainda tenho isso em mim,” ─ murmura a voz fraca
de Willie. "Se..." ─ ele respira profundamente, o oxigênio
constantemente bombeando nas narinas. "...
se eu estivesse saudável, eu atrairia sua pequena senhora... como uma acompanhante
de classe.”
De repente, eu desço sobre ele para desferir um golpe mortal, fúria que
nunca experimentei antes escorrendo por meus poros. Através da névoa de ódio
que nubla meus olhos, vejo um pedido de morte desta criatura lamentável. Ele
quer se suicidar pelas minhas mãos! Não vou lhe dar essa satisfação. Estou tão
singularmente focado nele que finalmente ouço a voz de Taylor atrás de mim,
tentando me trazer de volta, enquanto o irmão de Willie grita "não!"
Eu deixo cair minhas mãos. Minha respiração é rápida, e meu coração
está correndo como um cavalo ao ataque. "Sua morte,” ─ eu sussurro me inclinando,
"não será por minhas mãos. Espero que você não morra imediatamente! Que
você sofra muito e quando você morrer," ─ eu enuncio,
enquanto cheiro sua morte no ar, "espero que você pague o que fez com
todas as mulheres que você vendeu.”
Ele apenas sorri meio torto, com força insuficiente até mesmo para um sorriso
completo. A única reação que recebo vem das máquinas que mostram o pulso e a
pressão arterial aumentados. Eu me viro para sair de seu quarto; Willie fala
novamente.
"Eu estava errado sobre você, peste. Você é tão perigoso quanto
sua mulher! Bem como selvagem." Mais uma vez eu me pergunto o que Ana fez
com esse homem que me atormentou nos meus sonhos nos últimos vinte e dois anos.
"Ei, e quanto a mim? Desamarre-me!" ─ Grita seu irmão. Eu
olho para Taylor.
"Vou deixar o PI fazê-lo,” ─ ele diz e segura a
porta aberta para mim.
***** ❦ ♡ ❧ *****
A
viagem de volta para o hotel não é apressada. Eu ainda não quero ir. Eu não
quero machucar acidentalmente a Ana, ou dizer algo de que vou me arrepender.
"Conduza-me
por aí por um tempo, Taylor." Eu respiro fundo, pego meu telefone e ligo.
A voz que eu não ouvia há muito tempo responde.
"Eu
pensei que você tinha me deixado,” ─ responde a voz. Respiro fundo.
"Eu
preciso de sua ajuda,” ─ eu digo finalmente, totalmente exasperado.
"Eu
reconheço esse tom. Deve ser sobre Ana, então."
"Você
acha?" ─ Minha
voz é zombeteira, mas é ignorada.
"Diga-me
o que aconteceu. Melhor ainda, venha.”
"Não
posso, estou em Detroit,” ─ digo desapontado.
"Que
tal Ana e Teddy?"
"Eles
também estão em Detroit. Ela..." ─ Eu respiro fundo sem saber por onde começar.
"Ela fez algo gentil. A princípio...Você sabe sobre meus malditos
pesadelos." Apenas três pessoas estão bem cientes deles: Elena, Flynn e
Ana. Mas apenas Elena e Ana os viram em ação e ambas tiveram abordagens
drasticamente diferentes para me ajudar, salvar-me deles. Bem, Elena me ajudou
a controlá-los, Ana, eu suponho que esteja tentando eliminá-los.
"Vou
vê-lo quando você voltar para Seattle?"
"Sim,
é claro, assim que eu voltar amanhã,” ─ digo com ansiedade. "Mas eu preciso da
sua ajuda agora. Estou completamente ambivalente sobre como eu deveria me sentir
agora. Por um lado, sinto completa e total traição e por isso quero realmente
punir a Ana. Por outro lado, ela fez alguns atos incríveis de bondade, e o que
ela fez hoje pode ser apenas a continuação disso e, se for esse o caso, quero
adorá-la prostrado aos seus pés. Mas então ela colocou-se em perigo e estou
perto de despedir Sawyer, então eu me inclino mais para puni-la. Ela me fez
perder o controle e quase o matei!" ─ Os olhos de Taylor
encontram-se brevemente com os meus no espelho retrovisor, preocupação
estampada neles.
"Christian, eu preciso que você desacelere porque
parece que estávamos tendo uma conversa, mas eu só me juntei a você na parte
final. Então, comece desde o início." ─ Eu expiro minha
exasperação.
Eu conto
a história desde o início. Além de uh,
huh, hmmm, ok, não recebo nenhuma reação que me diga que ela ou eu fizemos
algo certo ou errado nesse assunto.
"O
que você acha que deveria fazer?" ─ Essa pergunta irritante
novamente.
"Mesmo?
Esta é uma pergunta de psiquiatra para evitar qualquer forma de processo de
pensamento? Por que estou lhe pagando um caminhão de dinheiro se você não está
me dando sua opinião especializada, Flynn?" ─ Eu vomito.
"Você
conhece o motivo. Se eu lhe disser o que fazer, então você não está treinando
sua mente para pensar de forma construtiva para melhorar seu relacionamento,” ─ ele explica pacientemente.
"Então, me diga o que você deveria fazer.”
Eu
inalo profundamente. "Estou muito confuso para
formar uma opinião ou decidir sobre um curso de ação. Tal como está, se eu
permitir que meus instintos possam entrar, você sabe de que jeito isso irá e será
ruim para Ana, e eu liberarei a raiva reprimida, mas então eu me sentirei
terrível no final, porque ela primeiro aproveitará e depois odiará! Então me odiará
por isso!"
"Bem,
então, é um enigma e você já conhece a resposta." ─ Ele diz.
"Eu
não conheço nenhuma das respostas!" ─ Minha frustração está no
ponto crítico, enquanto Flynn fala comigo da maneira que eu faria com Teddy.
"As
escolhas da sua mãe biológica e esse homem a quem você testemunhou abusar dela,
consequentemente, abusar de você, foram a maior contribuição negativa para sua
psique. Posso dar-lhe algumas respostas de livros didáticos, mas você já
conhece todas elas. Ana está profundamente apaixonada por você e você por ela.
Existe algo que você não faria por ela? Por que é um grande exercício de
imaginação achar que ela não iria tão longe para libertá-lo de seus pesadelos?
Não significaria que ela faria qualquer coisa por você? Ela não provou isso para
você com Jack Hyde?" ─ Ele pergunta com uma pitada de punição.
"Esse
é o meu ponto! Ele quase a matou e ela quase perdeu o bebê! Como pôde
colocar-se em perigo com esse cafetão?"
Estou
muito irritado e muito concentrado no que Taylor está tentando fazer para
chamar minha atenção. Finalmente, ele limpa a garganta e levanta a voz para
chamar minha atenção, "Sr. Grey?"
"O
que?!!” ─ Eu contesto.
"Sawyer
chamou. A Sra. Grey levou Teddy e vai pegar um vôo comercial de volta para
Seattle.”
"Que
diabos!!" ─ Grito no
telefone.
"Eu
não disse nada,” ─ Flynn
assume erroneamente que eu gritei com ele.
"Eu
falo com você mais tarde! Emergência!" ─ Eu desligo antes que ele
possa dizer uma palavra.
"Dirija
para o maldito aeroporto!"
Enquanto
tento no meu telefone marcar o número de discagem rápida da Ana, eu vejo um texto
dela.
*
Teddy e eu estamos voltando para casa. Comercial. Você está com raiva. Como eu.
Há coisas sobre o que eu queria falar com você, mas, adivinhe, veremos sobre
isso. Nós, ou melhor, eu preciso acalmar-me. *
O que diabos isso significa? Ela está fugindo de mim? Minha esposa está
me deixando com o nosso filho? O cafetão disse alguma coisa que a deixou
aborrecida? Meus olhos estão nublados de névoa, enquanto a enorme rocha que
acabou de se formar na minha garganta bloqueia minhas vias aéreas. Com dedos
entorpecidos, eu disco o número dela imediatamente.
Ela responde após o quarto toque.
"Eu não posso falar agora, Christian,” ─ sua voz soa chorosa.
"Onde você está indo?" ─ Sibilo minha raiva,
dor e desapontamento em uma única respiração.
"Para casa. Os seus capangas não disseram isso já?" ─ Acho que ela quer
dizer Sawyer. Posso imaginar seu rosto avermelhado.
"Anastasia Rose Grey! Você vai me dar, e a todos da nossa equipe,
um ataque cardíaco coletivo! Você sabe que isso não é justo para qualquer um de
nós!" ─ Eu ouvi ela tomar uma respiração arrependida.
"Desculpe,” ─ ela finalmente murmura. "Eu ainda preciso
me acalmar sozinha.”
"Você realmente quer me deixar sozinho neste estado? Deixar-me uma
confusão?" ─ Eu me vejo implorando.
The Pretty Reckless - Make me
Wanna Die
"Você me dispensou!" ─ Ela sussurra.
"Você não me deixa protegê-lo. Você me afasta!" ─ Isso é um disparate.
Meu olhar se encontra com o de Taylor no espelho.
"Sawyer está parando,” ─ ele fala sem som, enquanto ele acelera pela
via expressa.
"Eu sou seu marido! É meu trabalho protegê-la e a nosso filho!
Você tem alguma ideia do estado em que você me colocou quando ouvi dizer que
você estava no hospital? Pior ainda do que encontrá-la com aquele maldito cafetão
que personificou tudo de mal durante toda a minha existência! E agora que você
descobriu que menino terrível eu era, você está fugindo para longe! Era pior do
que o Christian adulto?" ─ Eu sussurro. Estou enlouquecendo. Minha vida
está desmoronando ao meu redor e não posso fazer nada sobre isso.
"Nãooo! Não, Christian, não! Não havia nada de errado com você
naquela época, e nada de errado com você agora! Não posso ficar com raiva do
meu marido superprotetor, ciumento e arrogante sem achá-lo terrível?” ─ Eu ouço Teddy
chorar ao fundo. Imediatamente quero pegá-lo nos meus braços e acalmá-lo, mas
ela o está levando para casa.
"Apenas volte,” ─ eu imploro.
"Eu só vou para a nossa casa,” ─ ela responde
gentilmente. O olhar de Taylor encontra o meu novamente, e ele acena com a
cabeça enquanto ele sai da via expressa. Eu desligo o telefone sem responder enquanto
Taylor alcança e para junto a outro SUV. Eu saio do SUV onde estou viajando e
corro para a porta do passageiro do outro veículo, abrindo-a.
"Onde quer que você vá, eu vou. Nós não fazemos isso sozinhos,” ─ eu digo ao rosto perplexo
de minha esposa. Ela perfura buracos acusatórios nas costas de Sawyer e
Melissa. Seus lábios são uma linha apertada.
"Eu desci ao meu inferno pessoal para você esta semana. O mínimo
que você pode fazer é me ajudar a superar isso. Não fugir quando vai ficar difícil,”
─ eu murmuro. "Eu pensei que você se lembrava de todos os seus votos
de casamento." Teddy chora mais forte, com o rosto contorcido, quando ele
ouve minha voz e suas pequenas mãos me alcançam para confortá-lo. Ana derrete e
ela também começa a chorar enquanto ela me deixa tirá-lo de seu assento do
carro. As lágrimas forçam seu caminho silenciosamente por minhas bochechas,
enquanto eu aninho meu filho para fazê-lo sentir-se seguro. Neste momento nós
três estamos chorando, todos por razões muito diferentes.
"Leve-nos para casa, Christian,” ─ sussurra Ana vindo para
o meu lado e abraçando nós dois.
"Sim, vamos para casa.”
Angelina Jordan - Fly
Me to the Moon