To die, to sleep,
No more; and by a sleep to say we end
The heart-ache, and the thousand natural shocks
That flesh is heir to: 'tis a consummation
Devoutly to be wished. To die, to sleep;
To sleep, perchance to dream – ay, there's the rub:
For in that sleep of death what dreams may come,
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause – there's the respect
That makes calamity of so long life.
No more; and by a sleep to say we end
The heart-ache, and the thousand natural shocks
That flesh is heir to: 'tis a consummation
Devoutly to be wished. To die, to sleep;
To sleep, perchance to dream – ay, there's the rub:
For in that sleep of death what dreams may come,
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause – there's the respect
That makes calamity of so long life.
Morrer... dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono, a angústia
E as mil pelejas naturais - herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor. Morrer, dormir;
Dizer que rematamos com um sono, a angústia
E as mil pelejas naturais - herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor. Morrer, dormir;
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o
obstáculo:
Pois quando livre do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Pois quando livre do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
William Shakespeare (N.T. Hamlet- Ato III, Cena I –William Shakespeare –
Tradução da Wikipedia)
CAPÍTULO I
DESPERTAR
Elissa Cassandra Duncan
Tradução: Neusa Reis
Uma rajada de vento precipita ar frio e úmido no meu quarto pela janela
aberta, fazendo-me tremer debaixo do meu cobertor. Eu abro meus olhos apenas ligeiramente, tentando me orientar.
Minha mão vai automaticamente para o travesseiro ao meu lado. Vazio. Onde está
Alexander? Devo ter adormecido e ele deve ter me levado para a nossa cama. O ar
está úmido e frio, o que me traz de volta para os meus sentidos, eu sento-me
ereta imediatamente e olho ao redor freneticamente. Percebo um despertador em
cima de uma mesa lateral que exibe 03h14 em cor verde, fraca. Um despertador?
Ar úmido e frio? Meus olhos buscam o relógio suíço de parede, esculpido em
madeira de nogueira, pendurado sobre painéis de madeira. Eu me esforço para
ouvir o seu reconfortante, repetitivo, tic tac. Nenhum som, exceto um sibilar distante. Por que não
estou sentindo as lambidas, quentes e secas do ar do deserto? Eu despenco para
fora da cama no escuro, enquanto o pânico corre através de mim. Onde diabos
estou? Que lugar é esse?
"Alexander,” eu sussurro suavemente, a princípio. Além da minha
própria respiração áspera, não há nenhuma resposta. Nenhum som, exceto o
barulho suave do sussurro da cortina esvoaçante, ondulando ao vento. Meu olhos
dardejam para frente e para trás, tentando encontrar meu rumo neste lugar
estranho.
"Baby, você não está de volta ainda? Alexander?" Eu sussurro no
escuro, num tom fervoroso, meu pânico está crescendo. A compreensão me atinge:
Alexander pode estar em casa, mas eu
é que não estou lá. Lágrimas começam a correr espontaneamente enquanto o medo
aumenta em mim. Eu cerro meus dentes, como se isso fosse ajudar, mas é claro
que não. Algo está muito errado. A força sai fora do meu corpo, como se uma
força invisível apenas sugasse uma parte essencial de mim, me deixando uma
casca vazia. Eu despenco no chão. Eu tento ficar de pé, sentindo o meu caminho ao
redor. Suave luar se infiltra através da porta da varanda aberta e eu rastejo
em direção a ela, automaticamente ofegando por ar, tentando obter uma sensação
de onde estou. Eu posso ver a suave névoa distante do amanhecer, no céu
oriental. Eu limpo meus olhos com as costas da minha mão, e esfrego-os com os
meus pulsos, como se para arrancá-los fora de suas bases para ver uma realidade
diferente, mas o esforço é completamente desperdiçado, porque eu ainda estou
aqui.
As silhuetas fora parecem diferentes, estranhas. As árvores são altas e esguias,
e a paisagem montanhosa é um estranho contraste com a grande extensão de campos
abertos que eu estava esperando ver. Minha respiração aumenta, meu coração bate
como um tambor da selva rapidamente, minhas mãos tremem, eu agarro o corrimão
de pedra na varanda e olho para o oeste, com a esperança de ver a estrada de pedra
romana volteando para baixo, para os estábulos e a casa do vaqueiro, a Casa, mas tudo o que posso ver é a
pontinha de um grande volume de água. Meu coração afunda. É o oceano... Eu puxo
uma golfada de ar tremulamente, caindo de joelhos mais uma vez. Estou cheia de
desespero. Tinha sido apenas um sonho. Alexander era apenas um sonho. Como pode
ser isso? Eu o segurei, eu o beijei, eu poderia descrever cada curva de seu
sorriso, cada fio de seu cabelo. Quando eu fecho meus olhos, ainda posso sentir
as carícias dele, toque, beijo, e aquele olhar firme que olha para mim, através
de mim, penetrante, desejoso e lascivo. A maneira como sua voz cresce em um tom
rouco quando estamos sozinhos, fazendo meu corpo inteiro desejar atenção,
enrolando meus dedos dos pés de desejo por ele. Eu conheceria essa voz em
qualquer lugar, não conheceria? Como o amor poderia ser um sonho? Meus joelhos
se dobram diante de mim, e eu rolo na posição fetal no chão, abraçando meus
joelhos até meu peito, soluçando.
Quando minhas lágrimas acabam, eu me sinto completamente gasta e vazia.
Eu tropeço em meu caminho para o banheiro, e olho para mim mesma no espelho. Eu
pareço patética; olhos inchados vermelhos, meu nariz escorrendo, cor rosada em
todo o meu rosto, meu cabelo desgrenhado, e topos de meus seios aparecendo
sobre minha blusa funcionando como meu pijama. Eu deixo correr a água tão fria
quanto possível na pia e lavo as mãos com água e sabão, aplicando a espuma por
todo o meu rosto, e esfrego forte, como se esfregando o sonho fora da minha
cabeça. Eu preencho minhas mãos com água fria e enxaguo o meu rosto com ela uma
e outra vez. Eu aliso meu cabelo para trás. Quando eu olho para o espelho
novamente, eu estou meio decente. Eu tenho que sair da casa. Eu tenho que
afastar a sensação de ser uma estrangeira em minha própria vida, enquanto os
meus sonhos estão se tornando a minha realidade, tentando tomar conta da minha
existência. Eu tenho que reafirmar a minha vida aqui e agora, e não posso
deixar meus sonhos me ultrapassarem assim. Surfar por um tempo vai limpar a
minha cabeça e me dar uma chance para arrumar meu raciocínio. Ou talvez correr
resolveria... Sim, eu acho que vou para uma corrida, e ver o nascer do sol sobre o arco de pedra no mar. (N.T.
Spewing Arch. Um arco de pedra no mar é criado quando as forças erosivas
naturais da água agem através de uma fatia de rocha e deixam para trás um arco.
Quando a maré alta chega, as ondas batem, e seria basicamente vomitar água
acima do arco, e é por isso que ele é chamado spewing arch - ‘arco vomitando’.)
Ainda é muito cedo e o ar está frio, mas eu preciso sair e sacudir este
sentimento de mal-estar. Eu abro as portas duplas da minha varanda, bem como as
janelas adjacentes tão amplas quanto possível. A varanda e as janelas têm vista
para o oceano, permitindo que o ar salgado do Pacífico, úmido e frio, corra
dentro. Eu viro meu olhar para o amanhecer do céu oriental. O sol estará
subindo logo o que marcaria o fim do meu sonho de Alexander, e o início de uma
existência diferente.
Eu sou Ellie durante as horas em que estou acordada, uma nova graduada da
faculdade. Mas nas últimas duas semanas, meu sono foi me levando para outro
lugar, em um tempo diferente. Sonhos
comuns foram me iludindo como se eu agora estivesse lembrando memórias de um
tempo em que eu era outra pessoa. Oh merda! E se eu estou ficando louca?
"Acorde! Acorde! Acorde!" Aconselho-me a mim mesma, andando
pelo meu quarto, respirando profundamente. Eu paro no meu caminho... Estes
sonhos começaram novamente, há duas semanas, depois de três anos de... nada! Eu
pensei que estava livre deles. Por que agora? Nas duas últimas semanas eu
estive sonhando com um homem que eu nunca vi na minha vida. O sonho da última
noite era, de longe, o mais intenso, tão palpável, parecia tão real, eu ainda
estou tremendo com sua intensidade e é apavorante. Que maneira de começar o meu
vigésimo primeiro aniversário!
Meu subconsciente balança a cabeça com pena - 'pobre coitada está definhando atrás de alguém
que só existe quando ela vai dormir,’ diz ela desaprovando.
Eu a faço calar. Alexander! Esse nome desperta paixão e anseios nas profundezas
da minha alma. Sonhos sobre um homem que eu nunca conheci com olhos azuis
incríveis, tão profundos, um olhar para eles pode deixá-lo perdido nas
profundezas de sua alma, cabelo loiro escuro ondulado, na altura dos ombros, sorriso
meio torto, magro, e sempre nas bem-desgastadas botas de montaria. Meu coração
dói como se alguém pegasse uma peça insubstituível de mim e me deixasse vazia.
Lágrimas ardiam por trás dos meus olhos, e eu me recusei a deixá-las
sair. Isso é ridículo! Eu não vou chorar por alguém que a minha mente criou.
Mas então, há duas noites... O sonho parecia tão real, tão assustador, e me deixou
tão terrivelmente vazia. Meus subconsciente aponta novamente dizendo: ‘fique pensando nele e sua bunda
vai ser arrastada de volta para o psiquiatra!’
Eu verifico o
relógio na minha mesa de cabeceira. Finalmente são 05:28h. Eu coloco meus
shorts de corrida, coloco meu sutiã de correr, e o cubro com um das minhas bem-gastas t-shirts
de algodão branco com a gola cortada; uma que Sarah odiava porque ela disse que
‘positivamente diminui a nossa posição social!’ não por causa da gola que eu arranquei, mas porque não foi
comprada na Neiman Marcus. Eu coloquei meus tênis de corrida, amarrei-os, e fiz
alguns alongamentos. Eu, então, puxei meu cabelo em um rabo de cavalo e guardei
o meu iPod no lado direito do meu sutiã de correr, e meu smartphone acompanha
meu seio esquerdo. Stella, a única figura de mãe de verdade que eu tenho na
vida, a babá que me criou desde a infância, cruelmente chama meu iPod de "seio
Pod,” depois que ela me observou algumas vezes empurrando o iPod no meu sutiã.
A lembrança me faz sorrir.
Eu desço
correndo para o hall de entrada, onde eu me encontro com James, o mordomo do
meu tio que tinha acabado de recuperar o jornal da manhã. "Bom dia,
senhorita Ellie,” diz ele, inclinando a cabeça ligeiramente. "Você vai se
juntar a seu tio para o café da manhã?"
"Sim, eu
vou estar de volta em uma hora, James,” eu digo enquanto eu corro para fora.
Eu coloco meus
óculos escuros, embora o sol ainda não tenha saído. Eu corrijo o meu rabo de
cavalo, pegando um vislumbre de meu reflexo no vidro e porta de entrada de
ferro forjado, dando ao meu rabo de cavalo um puxão, e me dirijo para as escadas que levam até a
praia, para a minha corrida matinal.
Correr é extremamente terapêutico. Eu resolvo a maioria dos meus problemas
durante a corrida, a cavalo ou surfando. É estranho que minha mente goste de
multitarefas, e funcione melhor quando eu estou fazendo mais de uma coisa.
Eu amo o nascer
do sol, ele me renova por dentro; ajuda-me a começar do zero. Eu corro para
baixo os degraus claros, feitos de
tábuas de troncos flutuantes, contando
cento e dezessete deles. A maré está baixa; dia perfeito para correr para o arco
de pedra do mar.
Quando eu chego ao pé da escada, eu me lembro de ligar meu ‘seioPod’, e o
programo para a minha música favorita, e o coloco na repetição, aumentando o
volume. Mantendo meu ritmo constante, eu começo a ouvir os Kings of Leon
cantando "Closer". De alguma forma, essa canção fala às profundezas
da minha alma. Eu a escutei muitas vezes, mas no momento em que as luzes
vermelhas do nascer do sol alcançam as montanhas, pintando a escuridão, a
imagem de Alexander vindo atrás de mim e beijando meu pescoço, me chamando "anjo,” invade minha mente.
Quando o Kings
of Leon começam a cantar: "Você pensa em mim? Onde eu estou
agora? Bebê onde posso dormir? Me sinto tão bem, mas eu sou velho, 2000 anos de
perseguição estão cobrando seu preço," Eu sinto o vento me
nocauteando. Meus olhos escurecem, eu tento recuperar o fôlego em suspiros
curtos, meu corpo se aquece apertando minha virilha, e a consciência da inexistência
de Alexander me deixa com uma sensação de vazio e os joelhos enfraquecidos.
Para me equilibrar, eu me inclino para baixo, tentando recuperar o fôlego, minhas
mãos apertando minhas pernas logo acima dos meus joelhos. Eu não posso deixar
meus sonhos atravessarem para o dia. Ouço passos firmes de alguém correndo e
deslizando para o meu lado.
Closer - by Kings of Leon
"Já está exausta?”
Pergunta uma voz masculina rouca, em um tom sofisticado tingido por um leve
sotaque, que eu não posso identificar. Ele não é californiano.
Encontro-me
olhando para um par de tênis de corrida Ecco que a minha amiga Melie descreveu
como "O preço vai induzir a enjôo e cãimbras graves na carteira
dos corredores!" Meus olhos sobem lentamente sobre a bem-definida batata da
perna, como uma estátua de deus Romano.
Suas pernas bem tonificadas estão mal disfarçadas sob os shorts de corrida, que
pendem baixo em seus quadris, de forma a mostrar seus quadris impecáveis e
cintura. Eu acho que Rose e Melie apenas babariam em seu seus ‘loins of Apollo’
(N.T. O ‘V’ que acaba na virilha), não que eu já não esteja fazendo isso no momento. Seus bíceps e
antebraços estão ostentando veias grossas, e por algum motivo, eu o imagino
como um guerreiro empunhando uma espada no passado, e balanço a cabeça para
limpar meus pensamentos. Quando o meu olhar alcança o seu rosto, ele está
sombreado, como uma silhueta contra a
tela laranja do amanhecer pintado no céu oriental. Mas eu posso distinguir as
ondas de seu cabelo escuro curto. Aquela voz rouca proferindo apenas duas
palavras me chama como uma ladainha. Mesmo que eu tivesse um QI de um dígito,
eu poderia facilmente dizer que este homem é
sexo com pernas.
Meu cérebro e a
boca perdem a conexão por dois minutos inteiros e eu, descaradamente, encaro o espécime
de homem diante de mim, incapaz de mudar meu olhar, ou piscar para esse
assunto. Eu engulo e, finalmente, algumas das minhas sinapses acendem, me
ajudando a ser coerente o suficiente para amarrar algumas palavras juntas.
"Uhm, não,” eu consigo dizer finalmente, limpando
a garganta. Eu tento arrumar minhas idéias sem me sentir perdida, "Eu
estava apenas me alongando."
"Oh,” ele
responde, simplesmente olhando para mim com uma cara séria. Eu posso finalmente
ver os contornos dele claramente, e eu acho que ele está tentando parecer
indiferente. Sua voz tem algo mais profundo, como se ele estivesse ansiando por
alguma coisa, com o reconhecimento, como se ele me conhecesse.
"Você se
importa se eu correr com você?" ele pergunta, e a voz tem um efeito de
carícia em mim; fazendo-me imediatamente pensar que este homem pode fazer
coisas para uma mulher com sua voz, que os outros não conseguem fazer com as
mãos! Minha boca está ligeiramente aberta e estou tendo problemas para colocar palavras
para fora dela. Ele olha para mim com expectativa, com a intensidade de seu
olhar penetrante, olhando através de mim, avaliando.
Oh merda! Ele
vai pensar que eu sou retardada mental, ou talvez essa seja a reação inicial
que ele obtém de cada mulher, que eu suponho que piora progressivamente, assim
como eu estou me comportando agora. Sua presença é extremamente cativante. Mesmo
que o seu olhar se esconda por trás de seus óculos de sol escuros, eu sinto sua
ferocidade ardente, permeando através da minha pele, me aquecendo e me dando
arrepios, tudo ao mesmo tempo. Este homem poderia fazer amor com um olhar, ou
duas palavras e fazer uma mulher gozar, dobrando-a de joelhos sem nem mesmo tocá-la.
Eu mergulho minha mão no meu sutiã
esportivo, em uma tentativa de diminuir o volume do meu ‘seioPod’, enquanto
seus olhos seguem os meus dedos, e ele me dá um reprimido sorriso torto, que
chama algo mais profundo em minha virilha, “meu iPod,” eu murmuro rapidamente.
"Estou vendo..." ele
murmura, distraidamente acariciando o lábio inferior com o dedo indicador, atraindo
minha atenção para sua boca. "Isso explica por que você não podia me ouvir,”
diz ele, desculpando meu comportamento silencioso.
"Sim, bem..." eu
respondo, com outra menos do que inteligente resposta. "Eu sinto muito...
Eu, uhm, eu gosto de fazer a minha corrida da manhã sozinha," digo,
finalmente amarrando uma frase metade coerente, enquanto o dispenso. Se eu
ficar aqui, vou acabar fazendo uma merda ainda maior por mim mesma, diante deste homem sedutoramente atraente.
"Eu sou Alex,” diz ele, em um tom assertivo, sedutoramente, como se ele não me ouvisse acabar de dispensá-lo,
estendendo a mão para mim com expectativa. Sua proximidade está colocando todos
os meus sentidos em sobremarcha; ele é alto, magro, angular, aparência
fluentemente muscular, e cabelo curto, escuro e ondulado, que emoldura seu
rosto bem esculpido espetacularmente. E aqueles olhos escondidos atrás de um
par de caros óculos de corrida ainda conseguem furar através de mim com uma
força escaldante. Tudo o que ele tem sobre ele, embora deliciosamente pouco,
está gritando com classe e bom gosto caro - ao contrário do meu colarinho
rasgado da camiseta branca, comprada na loja ‘US$ 5 or Less’ , no cais,
no centro de Santa Barbara. Sarah, minha mãe postiça, iria aprovar o seu gosto
caro, eu penso com má vontade. Percebo que a sua t-shirt está fora de suas costas
e convenientemente dobrada atrás de seus shorts, sublinhando e destacando os
seus bem-trabalhados abs (N.T. tanquinho) cobertos com camadas de
suor. Eu sinto o calor subindo em mim apesar da brisa fresca do oceano. Eu
tento esconder o meu rubor sem sucesso. O ligeiro tremor de seus lábios põe
para fora seu divertimento, me fazendo amuar. Mas, meus anos de boas maneiras
enraizadas assumem.
"Ellie,” eu
murmuro, enquanto eu estendo a mão para pegar sua mão estendida. No segundo em que
as pontas dos seus dedos tocam as minhas, eu sinto uma faísca de fogo e uma descarga
que corre dele para dentro de mim, tornando minha garganta seca. Eu sinto como
se eu mergulhasse minha mão profundamente, até o pulso, em brasas quentes, e me
falta o ar, e imediatamente e com força, puxo minha mão de volta da dele. Se
ele não avançasse para pegar meus antebraços de imediato, extremamente rápido, com ambas as mãos, eu
teria batido com minha bunda na areia, mas em vez disso estou corada agora, com
seu corpo tão perto que nem mesmo ar passaria entre nós. Eu sinto sua
respiração suspender, e então ele inala profundamente, respirando instável,
como se para absorver o meu cheiro. Eu acho que ele sussurrou meu nome
completo, "Elissa Cassandra!" com um desejo triste em sua voz. Ou
estou apenas imaginando coisas?
Tento me afastar
vacilante, confusa, segurando bem apertada a gola da minha t-shirt cortada bem
acima do meu peito, como se ele tivesse me dado um choque com milhares de Volts
de eletricidade. Agitada e confusa, "O que?" eu gaguejo, ainda
incapaz e também sem vontade de me afastar de sua proximidade. Ele age como se
eu não o tratasse como a peste bubônica. Então suas mãos lentamente movem-se
sobre os meus ombros, me segurando para me manter firme em meus pés.
"Ellie,
você está bem?" Ele pergunta, com uma voz preocupada, ainda rouca.
Não, não estou! Por que estou me
comportando desta maneira diante deste homem lindo? Eu tento me recompor, e
fecho os olhos brevemente, para escapar do cativeiro de seu olhar por trás dos seus
óculos. Mesmo então eu sinto a força, o magnetismo que ele tem sobre mim. ‘Firme!
Você age como se nunca tivesse visto um homem antes! ' Meu subconsciente me repreende.
"Não... eu
quero dizer, sim, eu estou bem. Mas, antes disso... Você... disse alguma
coisa?" Eu digo piscando várias vezes. Oh, Deus! Ele vai pensar que eu sou
louca! Inferno, às vezes meu subconsciente pensa que eu sou louca!
"Oh, aquilo...
Ellie,” diz ele naquele tom culto, "é diminutivo para alguma coisa?"
Ele pergunta sorrindo, mas seu tom de voz é inconfundivelmente de comando. Ele
olha para mim, inclinando a cabeça para um lado, dobrando os joelhos, abaixando-se
para o meu 1,70 m e tentando capturar o meu olhar com aqueles olhos penetrantes,
escondidos por trás de seus óculos de sol.
"Diminutivo
para Ellie," eu respondo bruscamente. O que há com ele que me faz reagir
dessa maneira? Meu corpo responde a ele de tal forma que é como se eu não fosse
a única no controle dele. Eu acho que meu QI caiu cinqüenta pontos desde que eu
coloquei os olhos em seu rosto, menos de vinte minutos atrás! Eu finalmente
consigo retribuir o seu sorriso, tentando ser casual. "Suponho que eu te
vejo por aí, Alex?" Eu digo em um tom não intencional de pergunta, ele
balança a cabeça concordando, expectante.
"Eu tenho
que terminar minha corrida" eu adiciono rapidamente, e suas mãos,
lentamente e com relutância, se retraem dos meus ombros e estranhamente, a
ausência de nossa conexão faz com que eu me sinta desamparada. Assim que eu
termino as minhas palavras, o meu smartphone vibra dentro do meu sutiã repicando
‘Droid!’ Eu poderia parecer mais idiota diante deste deus de um homem? Sinto-me
mortificada, ficando mais vermelha do que o manifesto comunista! Ele sorri completamente
neste momento, mostrando deslumbrantes dentes brancos perfeitamente retos,
enfatizando seus lábios beijáveis e diz "seu peito está falando,”
apontando para o meu sutiã.
Minhas mãos vão
automaticamente para o meu rosto, cobrindo os olhos com humilhação.
"Mensagem
de texto,” murmuro quase inaudível e estou pronta para dar uma reprimenda em
quem me enviou a mensagem. Claro que eu não vou mergulhar a mão no meu sutiã de
correr, novamente, e pegar o smartphone, na presença do cara mais bonito, fora
dos meus sonhos, em quem eu já coloquei meus olhos.
"Ciao..."
Eu encontro-me dizendo, sem levantar os olhos para olhar para ele, desejando
que o chão me engolisse e me fizesse desaparecer, enquanto eu pego o meu ritmo
para executar a minha corrida regular.
"Ellie,"
ele me chama em uma voz contrita, correndo atrás de mim, facilmente me
alcançando. "Perdoe-me. Eu realmente não queria envergonhá-la," diz
ele, em tom de desculpa. Eu abrando o meu ritmo.
"Desculpas
aceitas,” eu digo olhando para frente, continuando a correr, e ele facilmente prossegue
comigo. Na verdade eu acho que ele pode me ultrapassar de longe.
"Nesse
caso, eu posso continuar a correr com você, como uma prova de sua aceitação do
meu pedido de desculpas?" Ele pergunta, na mais doce, mais culta entonação,
embora de tal forma que eu não poderia confundir a demanda oculta nela, nem
podia negar o pedido. Como alguém pode reunir tanta paixão, tanta sofisticação,
e tão controlada demanda em uma única frase?
"Claro..."
eu respondo quase inaudível. Mesmo que o meu olhar esteja fixo no meu destino,
o arco de pedra do mar, eu posso sentir seu sorriso.
"Você
é italiana?" pergunta ele, me confundindo.
"Não,
eu sou californiana. O que lhe fez pensar isso?"
"A
maneira como você disse 'ciao'. Soou completamente natural..." ele
responde meditativo.
"Eu
não sei por que eu disse isso. Parecia a coisa certa a dizer," eu
respondo, e sinto o seu olhar escaldante no meu perfil. "Você corre aqui
todas as manhãs?" Ele pergunta, possivelmente como uma conversa inicial.
"Eu não tenho
chance de correr todos os dias, mas às vezes eu venho aqui para surfar,
dependendo das ondas, é claro,” acrescento eu, com um sorriso, ainda olhando
para frente.
"Você é
estudante?” Ele pergunta.
"Estou
feliz em dizer que eu não sou mais uma estudante. Eu acabo de me graduar na UCSB (N.T. University of California, Santa Barbara) com meu Masters. Mas, chega de falar de mim. Eu nunca vi você
nesta praia antes. Você acabou de se mudar para a vizinhança? Você é um
estudante?" Pergunto sondando.
"Por quê?
Apenas certas pessoas utilizam esta praia?" Ele pergunta provocando.
"Nesta
hora, sim. Apenas certas pessoas vêm muito cedo, e se você viesse aqui
regularmente, você saberia disso. Somente aqueles que amam o silêncio, a corrida
e a hora feiticeira do nascer do sol vêm tão cedo. Você começa a reconhecer os
rostos. Apenas um outro cara corre tão cedo como eu," digo, finalmente
virando meu rosto, olhando para ele, enquanto eu continuo a correr. Ele não diz
nada, olhando para frente, e parece que sua mandíbula está trancada. Por quê?
Eu disse alguma coisa para ofendê-lo?
"Mas, você
ainda não respondeu minhas perguntas,” eu indico para mudar o tópico.
"Não, eu
não," ele responde educadamente, mas sem rodeios.
"Não,
você não respondeu, ou, não, você não se mudou para a vizinhança ou não, você
não é um estudante?" Eu investigo mais.
Ele finalmente
dá uma agradável risada de menino. "Na verdade, todos os acima. Não, eu
não respondi a sua pergunta, não, eu não mudei para a vizinhança, e não, eu não
sou um estudante. Estou na cidade a negócios," ele responde e eu sinto uma
pontada de tristeza dentro de mim. Isso significa que eu não vou conseguir
vê-lo novamente. Por que eu me sinto triste por não ver um estranho?
"Negócios,
hein?" Eu pergunto.
"Sim, negócios,”
ele responde com um sorriso, como se ele estivesse aproveitando uma piada
interna, sem revelar nada. "Para onde estamos correndo?" Ele pergunta
curioso.
"Para o arco
de pedra do mar. É o melhor lugar para ver o nascer do sol,” eu respondo.
Eu me apresso e
corro para fora da areia. Eu sigo um percurso para cima até a colina e encontro
o caminho que serpenteia para subir para o arco.
"Você tem
que escalar?” Ele pergunta intrigado.
"Um pouco,”
eu respondo sorrindo.
"Você não
acha que é perigoso?" Ele pergunta, seu rosto tomando uma expressão séria.
"Você não
tem que escalar se você achar isso perigoso,” eu respondo, encolhendo os
ombros.
"Não por
mim..." diz ele censurando, "Pode ser perigoso para você. É uma
grande queda do arco, para não mencionar os quase trinta metros, de sessenta ou mesmo setenta e cinco graus de inclinação,
em alguns lugares, que você terá que subir". Esfregando a mão na
superfície da rocha, ele acrescenta com os olhos arregalados, "Isto é
arenito, é muito macio, e sua base pode facilmente ruir sob seus pés. E a maré
está subindo,” ele explica preocupado.
"Eu sei,
mas eu já fiz isso três vezes antes. Isso não acontece com frequência e é por
isso que acho que é emocionante, me sentar sobre o arco, com o sol e a água
subindo. É mágico!" Eu sussurro fervorosamente. Eu vou deixá-lo conhecer
um de meus segredos. Por que ele está ficando tão tenso? Ele aperta os olhos e
olha para mim, sem dizer uma palavra, me estudando.
"Fique à
vontade, então," eu digo, dando de ombros, e começo subindo. Eu me
aproximo e pego um afloramento no arenito, agarrando-o com força, e puxo o meu
peso para cima, colocando o meu pé direito em uma das reentrâncias que eu
localizo. Eu localizo outro ponto de apoio e coloco o meu pé esquerdo,
firmemente nele, e então eu chego com a mão direita para pegar o outro apoio.
Eu me viro para conseguir me mover por treze metros, subindo firmemente sobre a
rocha, quando eu chego a um ponto onde não é possível localizar outro apoio
perto de meu pé direito e coloco meu pé na superfície da rocha lisa, esperando
poder usar o ângulo de quarenta e cinco graus, que é relativamente mais plana
do que outras superfícies na rocha. Assim que eu levanto meu pé esquerdo fora
de sua posição, eu erroneamente solto a minha mão esquerda também, e meu peso
me puxa para baixo, fazendo-me deslizar sobre a rocha cerca de dez metros,
antes que eu possa pegar um apoio.
"Agh!"
Eu abafo um grito.
"Porra!"
Alex murmura seu epitáfio embaixo, na rocha, e eu o ouço lutando para subir
rapidamente para chegar até mim. Suas invectivas me surpreendem mais do que
quase cair da rocha.
"Espere!"
Ele ordena.
"Eu estou
bem! Apenas raspei minha perna um pouco,” asseguro-lhe.
Ele está aos
meus pés em menos de dois minutos, colocando ambos em apoios resistentes e me
guiando por debaixo, ajudando-me a chegar ao arco. Abalada, mas segura, consigo
subir no arenito e, finalmente, chego ao crescente em forma de arco, esculpido
por batidas incansáveis do Oceano Pacífico na rocha.
"É seu dia de sorte,” eu digo
sorrindo para ele, quando ele finalmente senta-se diante de mim, espelhando a
minha posição como montando em uma sela em cima do arco. Dessa forma eu posso
ver o sol nascer no leste, ao longo da Santa Ynez Mountains, e ver a maré
subindo no oeste.
"Normalmente,
é impossível ver o sol nascer sentado no arco porque, ou a maré está alta, ou o
tempo não está bom. Mas a maré não está tão alta agora, e o tempo, bem, você
pode ver,” eu digo abrindo os braços. "É um dia roubado do céu! Além do arranhão
na minha perna, este nascer do sol é tão bom quanto ele pode," eu digo. Eu
sinto seu olhar fixo em mim, sem dizer nada. Ele está com raiva de mim? "E eu sinto muito..." Eu resmungo
corando, desviando o olhar.
"De que
você está se desculpando, Ellie?” Ele pergunta, em voz baixa.
"Por
assustar você quando eu escorreguei um pouco," eu digo mortificada.
"Eu não me
assusto facilmente,” diz ele de modo prático," e eu sou totalmente a favor
de arriscar, mas se você não estiver preparada, você não deve escalar."
"Ah, mas
isso é basicamente escalada sem cordas! Não escalada." Eu protesto.
"Escalada
sem corda se a subida,” diz ele enfatizando a palavra,” é feita em rochas que estão a
menos de quatro metros de altura! Isso é cerca de doze talvez treze metros de
altura. E você não tinha equipamento. Admitindo-se que a subida seja em um
ângulo constante, ainda é perigoso sem o equipamento certo. Você não se importa
com a sua própria segurança?" Ele pergunta incisivamente.
"Sim..."
Eu digo olhando em frente para o sol nascente, em voz baixa.
"Por que
você fez isso, então?” Ele pergunta em um sussurro enfático, seu olhar ardente constante
no meu perfil, por trás de seus óculos de sol, me fazendo corar, e me aquecendo
e me queimando por dentro.
"Porque eu
precisava disso!" Eu digo secamente.
"Precisa?
Precisa cair de uma rocha gigante? "
Eu viro meu
rosto para ele, e levanto os óculos escuros e olho para ele, com raiva. "Não.
Você não iria entender isso," eu digo, em seguida, viro a cabeça de volta
para o nascer do sol sobre as montanhas e ouço as firmes e constantes ondas
reconfortantes do Pacífico, que estão atrás de mim. Seu olhar permanece em mim,
mas ele não diz nada. Eu suspiro.
"Isso
me dá um despertar eufórico. Me mantem aqui e agora... A experiência... Isto separa
o dia e a noite para mim..." Eu digo, e ele parece confuso. Dou um pequeno
sorriso, mas meus olhos permanecem tristes.
"É
mais emocional e espiritual, do que apenas físico, embora seja uma parte disso.
Isso permite que eu me concentre. Ajuda-me a fechar qualquer coisa fora,"
eu digo, e o sol finalmente aponta plenamente sua cabeça sobre as montanhas.
"Mas,
você não parecia concentrada. Você estava distraída," ele observa. Eu dou
de ombros, sem uma resposta.
Dirijo-me
ao outro lado e vejo a maré subir. "É melhor nos movimentarmos. A maré vai
ficar maior em breve," eu digo, me levantando cambaleando. Ele rapidamente
fica em pé para me firmar.
"Eu
vou ajudá-la a descer,” diz ele. E não é um pedido.
Uma vez que
estamos no chão plano, eu me viro, "obrigada, por salvar o dia,” eu
sorrio.
"Você
está indo embora?"
"Claro,
eu tenho que dirigir para LA hoje para uma entrevista de emprego. Eu preciso
ficar pronta."
"Posso
levá-la de volta?" Ele pergunta, e quando ele vê a minha expressão
confusa, acrescenta, "só para ter certeza que você chega em casa com
segurança,” acrescenta ele, com uma pequena curvatura de seus lábios.
"Isso
é muito gentil da sua parte, mas, eu andei nessa estrada sozinha, diariamente,
durante anos. Tenho certeza de que posso encontrar meu caminho de forma
segura" eu respondo secamente.
Ele
estende sua mão novamente, e quando eu toco a mão estendida, eu sinto a mesma descarga
de eletricidade fluindo através de mim. Eu rapidamente puxo minha mão para trás
e seguro-a na minha outra mão.
"Foi
realmente um nascer do sol espetacular,” diz ele, como se isto tivesse outro
significado. "Companhia bonita, requintado cenário,” diz ele suavemente.
"Obrigada.
Eu... uhm, melhor ir. Prazer em conhecê-lo, Alex," eu digo não sabendo
mais o que dizer.
"O prazer
foi meu, Ellie,” diz ele em um tom rouco, sua voz acariciando meu nome. Viro-me
sem olhar para trás e começo a correr em direção a casa. Eu posso sentir o seu
penetrante olhar atrás de mim, olhando para as minhas costas desamparado,
desesperado, e, como se eu o deixasse desprovido de algo que ele está carente.
Quem é ele? Eu anseio por saber.
Eu ponho meus
fones de ouvido novamente, e ligo meu ‘seioPod’. Kings of Leon está cantando CLOSER, repetindo:
“Stranded in this
spooky town,
Stoplights are swaying
and the phone lines are down,
This floor is crackling
cold,
She took my heart, I
think she took my soul,
With the moon I run,
Far from the carnage of
the fiery sun...”
O nascer do sol
no arco combinado com uma canção ardente, despertam algo em mim que eu não posso nomear,
algo que chama no mais profundo de minha alma, onde ninguém jamais havia
chegado. Esse sentimento aprofunda a dor, e dores emocionais ondulam das
profundezas do meu ser que eu nem sabia que existiam. O que diabos há de errado
comigo?
"Estou
muito malditamente doente da cabeça! Talvez o psiquiatra de Sarah esteja certo,” gemo, e corro mais rápido. Eu faço um
grande ‘loop’ ao redor da praia, inalando o ar salgado e salobre. Subo a parte
de trás da colina em um ritmo de corrida, e me encaminho para casa pelo caminho
de trás. Eu corro para dentro da casa pela entrada de trás, utilizada para
entregas, e subo as escadas entrando em meu quarto, tentando não encontrar
ninguém.
Eu entro correndo no meu banheiro ligando o chuveiro.
Eu tiro o meu ‘seioPod’ fora e enrolo os
fones de ouvido em torno dele. Eu, então, pego meu smartphone para verificar a
mensagem. Foi Melie.
* Estou apaixonada! Chame-me a.s.a.p.!!! *
O mais rápido
possível uma ova! Ela merece esperar um tempo, pelo inoportuno constrangimento,
de pelo menos três horas,. Eu sei que não foi culpa dela, mas ainda assim,
mesmo o constrangimento não intencional, na frente de um cara quente, merece
uma três horas de espera em meu livro. Eu tiro a roupa e puxo o elástico do meu
rabo de cavalo, colocando a água tão quente quanto eu posso tolerar, para
soltar os músculos. Meu chuveiro é grande, como uma caixa de vidro
transparente. Molho meu cabelo e passo shampoo. Cheiro de violetas preenche o
chuveiro. Este é o meu perfume favorito. Eu fecho meus olhos, inclino a cabeça
para trás e deixo a água tirar a espuma que ficou no meu cabelo. Eu posso
sentir a espuma preguiçosamente fazendo o seu caminho para baixo nas minhas
costas. Depois de ensaboar a esponja com sabonete líquido de fresia, estou
pronta para esfregar meus braços. Eu levanto meu braço direito para passar a
esponja e então eu noto duas alfinetadas frescas, debaixo do braço, apenas
cerca de 2,5 cm de distância da minha lateral, na base do meu seio direito. Eu
olho para elas com curiosidade. Essas marcas não estavam lá ontem. Picadas de
insetos, talvez, mas duas delas ao mesmo tempo? É muito estranho porque eu não
senti nenhuma picada antes.
Como se com a
deixa, sangue aparece em ambas as alfinetadas, fica lá dentro de seu minúsculo
menisco por um momento, e depois preguiçosamente escorre pelo meu lado em seu
próprio caminho. É hipnotizante. Eu toco o sangue escorrendo lentamente para
ver se é real. Meus dedos estão manchados com listras vermelhas de sangue. Em
seguida, ele começa a escorrer para fora das alfinetadas em um ritmo lento, mas
constante por um minuto. Coloco meus dedos sobre os minúsculos furos.
Surpreendentemente, eu podia sentir a pulsação sob meus dedos. Eu pressiono os
buracos, um pouco mais forte. A água do
chuveiro das minhas costas dilui o sangue e leva-o pelo ralo, tornando a água rosa.
Quando eu tiro meus dedos fora das alfinetadas, o sangue começa a escorrer
constantemente, novamente. Com curiosidade mórbida, eu seguro minha mão
esquerda debaixo dos buracos, apertando para ver se o sangue está correndo
firme o suficiente para ser reunido.
Sangue vermelho
escuro pegajoso e escorregadio corre em seu caminho para baixo, um pouco dele na
minha mão esquerda, e um pouco ainda consegue se misturar com a água do
chuveiro e escorrer pelo meu lado. Ele finalmente coagula e pára, e eu trago
minha palma contendo a pequena poça de sangue para perto dos meus olhos. Eu
mergulho meu dedo indicador e médio da mão direita no sangue acumulado.
Trazendo os dedos agora ensanguentados até meus olhos, para examiná-los de
perto. O sangue corre lentamente para baixo em direção a palma da mão direita, enquanto
eu levanto minha mão. Ele corre decididamente desta maneira para baixo, na
almofada da minha palma, aquecendo a minha pele, enquanto corre por seu caminho
até a minha mão direita. Há uma sensação de formigamento estranho que começa a
aquecer quando atinge meu pulso, e marca ao redor da meu pequeno sinal de nascença,
preenchendo, tingindo e escurecendo-o. Quando o sinal de nascença aquece, isso
me faz sentir como se eu estivesse sendo marcada com um ferro quente,
queimando, eu sacudo automaticamente minha mão e deixo a água lavar fora o
sangue imediatamente. Irei examinar os buracos no espelho quando eu sair.
Eu me esfrego e
fico perdida em meus pensamentos. Deixo a água correr na minha cabeça, e depois
viro as costas para deixá-la correr, inclinando a cabeça ligeiramente para cima.
É quando eu vejo as impressões de mãos sangrentas na parede do chuveiro! Marcas
de mãos ensanguentados impressas na parede de vidro e sangue fresco escorrendo
para o chão do chuveiro. Enquanto meus olhos ficam mais arregalados, eu vejo uma
mão pousando na minha parede do chuveiro com tal força, que parece ter deixado
outra mão sangrenta impressa, depois outra, depois outra e depois outra. "Não! Alexander! Não, por favor!" Eu
sussurro automaticamente, minhas mãos cobrindo a boca para mascarar o meu
horror. Mas as marcas de mão parecem estar implacavelmente pousando uma e outra
e outra vez. Nenhum som. Apenas o impacto... Sangue escorre para baixo
misturado com a água do chuveiro. Eu mordo minha mão tentando abafar um grito
que sai de todo modo. Duas pessoas correm para meu banheiro simultaneamente,
mas ao me encontrar ainda no chuveiro, eles viram as costas de vergonha, e não
ultrapassam a porta do banheiro. Eu continuo a gritar, mas por um motivo
diferente, uma vez que eu estou envergonhada com a companhia inesperada no
banheiro.
Sarah, a mulher que eu tenho dificuldade em chamar
de ‘mãe’, e tio Gabriel param na porta do banheiro desajeitadamente, de
costas para mim, e tio Gabriel protegendo os olhos com as duas mãos consegue
murmurar: "Eu sinto muitíssimo. Eu pensei que algo estava errado!"
A terceira e muito
mais baixa pessoa entra no banheiro, com sua máscara de olho empurrada por cima
da cabeça, empurrando os outros dois para o lado, murmurando "nada para
ver aqui,” e se aproxima do chuveiro, pegando a toalha de banho grande, estendendo-a
para mim.
Desligo a água,
ainda não conseguindo tirar os olhos da parede do chuveiro, onde as mãos
sangrentas impressas apareceram pela primeira vez, e agora desapareceram, como
se elas nunca tivessem estado lá. Eu ainda estou tremendo, com medo de que meus
sonhos e minha realidade estejam se sobrepondo. Stella me envolve,
entregando-me outra toalha para o meu cabelo.
Sarah e Tio
Gabriel ainda estão de pé, de costas para nós na porta do banheiro. "A costa
está segura,” resmunga Stella.
Quando eu paro
de tremer, e limpo os olhos com as costas das minhas mãos, muito grosseiramente,
o fluxo constante de lágrimas continua rolando. Mas eu ainda consigo perceber
que Stella está usando duas polainas de cores diferentes, um rosa e uma fúcsia,
sob suas bermudas de algodão, com uma t-shirt XL que diz "Born
to be Wild,” e sua máscara para olhos, de seda cor
de rosa, com as palavras bordadas "Do
Not Disturb,” que, aliás, era a única coisa
empurrando para trás seus encaracolados cabelos loiro-grisalhos despenteados,
que estão pendurados em duas tranças irregulares. Suas mãos estão vestindo
meias, enquanto seus pés estão descalços.
Por um momento
eu esqueço o que eu tinha acabado de vivenciar e peço-lhe entre soluços:
"Stella, você está vestindo meias em suas mãos?"
"Sim,” ela
me repreende: "eu não tive a chance de tirá-las desde que eu ouvi você
gritando loucamente, e eu caí da cama. Apenas corri para aqui! Em que você me
esperava, em um vestido de baile? "
Mas ela ainda me
puxa em um abraço e me reboca para fora do banheiro para o meu quarto, ainda
empurrando mamãe e o tio Gabriel para fora do caminho, como se fossem
luminárias em seu caminho.
"Mas por
quê?" Pergunto entre minhas lágrimas, tentando me distrair.
"Oh, toda
noite eu massageio as mãos com loção, e coloco as meias, o que mantém a pele
suave como o traseiro de um bebê. Um dos meus segredos de beleza,” ela informa,
“o que me lembra que você não deve tomar banho em água muito quente, não é? É
ruim para a sua pele, você sabe."
"Stella!"
tio Gabriel grita exasperado.
Ela se vira
para ele e diz: "Bem, é ruim para a pele dela. Isto pendura a pele. Pouco antes de você
sair do chuveiro, ligue a água fria e deixe-a correr sobre sua pele, ok? Isto a
enrijesse completamente. Dois minutos no máximo. Você vai me agradecer quando
estiver mais velha! "
Sarah esfrega
as têmporas como se ela estivesse pronta para explodir com a maior dor de
cabeça de enxaqueca que ela já teve. Tio Gabriel pigarreia desconfortável com a
maneira como a conversa está indo e pergunta gentilmente, "Ellie, você se
importa de nos dizer o que aconteceu?"
Eu não tenho
certeza se eu posso compartilhar isso com eles. Eles vão definitivamente pensar
que estou louca, inferno, meu próprio subconsciente acena com a cabeça
tristemente, concordando, mas, então, Stella nunca faria isso. Apesar de quão
pequena Stella é, ela me guia para minha cama, sentando-me e me abraça protetoramente.
Eu me agarro a ela, apenas completamente gasto.
"Eu pensei
que eu tivesse visto sangue na parede do chuveiro,” eu sussurro.
"Sangue?"
Três deles perguntam ao mesmo tempo.
"Sim, como
no meu sonho. Marcas de mão e sangue ".
Stella entende
imediatamente, Sarah não entende e ela finalmente diz: "Isso é demais para
eu lidar. Estou traumatizada aqui! Acho que vou marcar uma consulta com o Dr.
Newman." Ela vira as costas para sair, toda afobada para chegar ao seu quarto para
organizar esse encontro. Eu suspiro exasperada. Eu tenho que sair desta casa, para
longe dela, e logo.
Stella grita
com autoridade: "Você para bem aí! Você perguntou a sua filha se está ok,
antes de marcar uma consulta com este psiquiatra assustador? Ellie não gosta
dele!"
"Eu sou a mãe
dela! Eu sei o que é melhor! Ela precisa de ajuda! Estou traumatizada com sua...”
ela procura uma palavra que não fosse tão ofensiva e ela finalmente se
estabelece com "sua condição!” Acompanhada de uma cara que parece
martirizada.
"Senhorita
Sarah... não é conveniente para você declarar-se uma vítima em cada situação?
Esta realmente não é sobre você,” ressoa Stella com um calmo controle, que eu
não tinha visto nela antes. Ela então se vira para o meu tio. Uma conversa
silenciosa se passa entre os dois. Meu tio se vira para minha mãe,
acompanhando-a para fora do meu quarto. Assim que eles estão fora do alcance da
voz, Stella se vira para mim e pergunta:
"Que roupa
posso trazer para você usar hoje?” Ela pergunta, completamente me
surpreendendo.
"Oh, eu
posso fazer isso Stella, obrigado!" Eu respondo.
"Você sabe
que eu gosto de mimá-la, s'il vous plaît!(N.T.
Por favor) Mas, que tal isso? Você se veste e desce para
a cozinha, para me ajudar a debulhar alguns feijões verdes ".
"James não
gosta de nós invadindo sua cozinha,” digo tentando sorrir.
"Tenho
certeza que a nossa presença será tolerável,” diz ela. "Eu vou me trocar também. Encontre-me na cozinha em 10 minutos.
"
"Eu não
tenho muito tempo hoje, Stella. Tenho uma entrevista de emprego em LA esta
tarde. Eu tenho que me preparar e dirigir."
"Entrevista
de emprego?” ela pergunta virando em seus calcanhares.
"Sim, você
sabe que eu me formei na semana passada. Eu preciso de um emprego. "
"Você vai
ter um fundo fiduciário quando você fizer 25!” Diz ela.
"O que será
daqui a quatro anos de distância,” eu digo,
dando de ombros, “e, francamente, eu não quero isso. Sarah vive alegando isso,
que é o dinheiro dos seus pais. Eu não ligo para isso. Eu acho que é por isso
que ela continua obrigando-me a ir ao seu psiquiatra. Eu não quero ser
certificada como louca, porque ela se preocupa com o dinheiro mais do que comigo.
Preciso fazer minha própria vida. Eu preciso sair da cidade, Los Angeles, Nova
York, Paris, Londres... Eu não sei. Só não aqui."
"Mas,
querida, é seu aniversário hoje!” Diz ela.
"Momento
perfeito para crescer!” Eu respondo sorrindo.
"Você
realmente quer se afastar?"
"Não só eu
quero, mas eu preciso me afastar, Stella. Eu preciso ficar longe de Sarah, longe desta
casa. Eu preciso da distância. Eu preciso me encontrar,” eu digo, e seu olhar
se alarga por um segundo, mas ela o esconde imediatamente.
"Bem,
então menininha,” diz ela sorrindo. "Deixe-me ser sua babá, uma última
vez. Você escolhe a sua roupa, e deixe-me ver se você parece sofisticada,
madura e inteligente como uma nova funcionária em potencial! "
"Okay.
Obrigado Stella. Você é a mãe que eu nunca tive... Você sempre terá um lugar
especial no meu coração. Mas, eu preciso me encontrar e logo. Eu quero me mudar
na próxima semana," confesso e deixando-a de boca aberta, eu entro no meu closet.
Que alegria encontrar a Serie Pella em portugues, obrigada Neusa!!! Isso definitivamente coroou o meu dia!!!
ReplyDeleteE parabens Emine vc tem um dom maravilhoso!!!
Oi Andrea, bom é ter você sendo a primeira a comentar. Tenho certeza que todas vão adorar,. O Alex é como se fosse o Christian, mais poderoso. O Amor dele pela Elissa é o amor da alma gêmea, acima do tempo. Você vê, é tão forte espiritualmente que se reflete no físico. Bjs e continue por aqui. E agradecimentos sinceros a Emine que não nos deceociona nunca... Esta história é de autoria exclusiva dela.
ReplyDeleteUAU!!! Adorei NEUSA!!!!! COM CERTEZA VOU ACOMPANHAR!!! PARABÉNS EMINE!!!
ReplyDeleteLindo amo essa história,louca pelos capitulos seguintes
ReplyDeleteOla Neusa,eu estava em extrema expectativa pela sua tradução desta historia, eu sempre me senti atraida pela personalidade de Alexandre, o grande, tanto que dei o nome de Alexandre o meu filho mais novo que hoje tem 27 anos.
ReplyDeletePor isso não posso nem começar a descrever o quanto estou interessada nesta historia da Emine, vai ser emoção pura, sem diluir!!
E eu agradeço a Emine que realmente não nos decepciona nunca....
Nossa, surpreendente!!
ReplyDeleteCuriosa para ler essa história, que mostrou ser muito interessante.
Expectativas já não faltam para essa história que certamente irei acompanhar..
A cada momento me gusta más. Solo una consulta ¿ Emine tiene una sinopsis de este livro?
ReplyDeleteSeguiré leyendo.
A ansiedade em ver esse livro publicado esta atingindo o limite...e para acalmar o anseio resolvi ler os capítulos disponíveis novamente. E a cada vez que leio reafirma para mim que esta história será um grande sucesso!
ReplyDeleteParabéns Emine, vc é uma grande escritora! Sou sua fã!
E a vc Neusa, obrigada por tornar ainda maior o prazer de ler em nossa própria língua!
Bijos para as duas e muito sucesso.
Ontem mergulhei nesta estória, das 22 horas até às 4:00 da madrugada, e dá pra parar de ler?
ReplyDeleteE hj estou (re) lendo com calma me atentando aos detalhes.
Só posso dizer PARABÉNS Emine, PARABÉNS Neusa, meu muito obrigada por nos brindar com esta fabulosa estória e sua tradução exemplar
Lindo! Lindo! Lindo!
ReplyDeleteComo Neusa disse: Amor de alma gêmea!
Perfeito, Emine!
Parabens!
Beijos
Dani
;-)
Nossa q lindo,estou amando,capítulo,apaixonante e vicioso pelo visto,rsrs
ReplyDeleteOlá girls!
ReplyDeleteVocê que está começando a ler o blog agora ou que já é leitora, agora a Série Pella disponível aqui no blog foi publicada em livro – ECOS NA ETERNIDADE- e em português.
A Emine Fougner colocou a versão em português do Ecos na Eternidade na Amazon por apenas R$ 3,94. Corram para aproveitar o preço porque foi prorrogada a promoção e logo voltará ao preço normal.
É só acessar a pagina da amazon: www.amazon.com.br.
Vamos aproveitar! A história é maravilhosa!
Beijos,
Pry
Olá meninas. Alguém comprou o livro do Pella? Sabem me informar se esse livro é somente a reunião dos capítulos q temos aqui da série? Tem algo a mais? continuação?
ReplyDeleteObrigada.